29 dezembro 2008

Auxílio Doença - LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991

Após uma dúvida sobre Auxílio Doença, na Comunidade de Transplante de Córnea, achei importantíssima a resposta de um dos membros.
Uma dúvida que muitos têm e deixam de receber o auxílio por falta de conhecimento.

A lei mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.

Aqui a lei na íntegra

24 dezembro 2008

2009 - Um Ano Novo de Esperança


No ano que passou fui luta, medo, fui amor, fé e esperança.
Fui sorriso, fui abraço e na paz que acalma, fui criança,
pois em algum momento estiveste ao meu lado fortalecendo a minha alma.
Em algum momento, que talvez nem saibas, a tua amizade foi a força silenciosa que me fez seguir adiante.
Eu sei que 2009 será de novas lutas, novos medos.
Será preciso alguém virar estrela, deixar a vida, para que eu volte a vê-la.
Mas acima de tudo também será de muita fé e esperança.
E o teu carinho, a tua força silenciosa é que fará meu 2009 um ano feliz, porque como se diz...
Amigo não se explica. Sente-se.
Obrigada por mais um ano de amizade.

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19 dezembro 2008

Vida - Eterno teste

Às vezes, a vida nos coloca pedras no caminho apenas para testar nossa força, nossa crença ou qualquer outro sentimento ou emoção.
É sabido que estou na fila do transplante há 16 meses. É sabido que preciso de liminar judicial para fazê-lo pelo plano de saúde.
Hoje a justiça entrou em recesso. Hoje tem córnea disponível. Deveria ser a minha. Poderia ser a minha.
Não será.

Que 2009 chegue trazendo consigo a vida sob suas rédeas.

17 dezembro 2008

Além da angústia

Não é só a angustiante espera. Ela só é grande quando outros fatores de estresse a acompanham. Provavelmente, teria córnea para mim nesta ou na próxima semana, mas dependo de Liminar da justiça para usar meu plano que não cobre transplante.
Advogados e juizes entram em recesso dia 19, sexta-feira.
Me resta pedir ao meu olho entrar em recesso também e aguardar o dia 7 de janeiro para recomeçarmos a luta!

15 dezembro 2008

A angustiante espera

Basta estar na fila de transplante para que a angústia e a ansiedade tornem-se tuas amigas inseparáveis. Não falo de nervosismo ou de medo, mas da aflição de saber quando estará resolvido.
Estou pela segunda vez na fila. Na primeira, a espera foi mais curta e minhas "amigas" maiores em função do desconhecido.
Desta vez, estou há 1 ano e 4 meses e posso ser chamada a qualquer momento. Quem sabe na quarta-feira esteja já com uma córnea nova?
Aguardo apenas rodarem o ranking.
Não é angustiante?

14 dezembro 2008

[Utilidade Pública] Dengue


O blog Nova Córnea, Vida Nova antes de ser um blog sobre Transplante de Córnea, é de utilidade pública. E blog é uma das atuais formas de levar informação a centenas de pessoas.
Por tudo isso aderi à Campanha contra a Dengue.
A Tylenol colocou no seu site informações preciosas de como combater, o que é e várias outras questões sobre a DENGUE.
Basta clicar na figura abaixo para saber mais.

12 dezembro 2008

Depoimento de Thais Itaqui após a gravação do programa Profissão Repórter

“Dor e solidariedade”
No começo da reportagem só tinha dor. Minha tarefa foi registrar o trabalho da equipe do Banco de Olhos responsável pela captação de córneas. No caso que acompanhei, o médico pediu a doação para um pai que tinha acabado de perder um filho. E o filho só tinha dezoito anos. Gravamos o áudio da conversa e veio, então, a tarefa mais difícil: falar com o pai e pedir autorização para mostrar no programa o que gravamos.
O pai saiu da sala do médico e foi em direção ao elevador. Eu fiquei parada, sem saber pra onde ir. Fiquei indecisa se iria mesmo falar com ele naquele momento de tanta dor. Olhei para meu colega Thiago e ele fez um gesto de “vai, vai!”. Com esse impulso, fui. Entrei no elevador e fiquei
olhando para o pai pensando “Ele nem sabe quem eu sou e ainda vou falar de uma reportagem! Logo nesse momento!!”.
Nessas horas pedimos desculpas a Deus por existir. Mas respirei fundo e expliquei que estava fazendo uma matéria sobre doação de córneas e que ele tinha tomado uma nobre atitude doando as córneas do filho. Para minha sorte e a da reportagem, ele autorizou a exibição da reportagem. Foram vinte horas de plantão com desgaste físico e psicológico até conseguirmos registrar esse momento.
Essa foi a parte da dor. Mas a reportagem continuou e terminou registrando a vida. Depois de dois dias uma senhora de oitenta anos recebeu a córnea doada. A dona Aparecida estava radiante, alegre e cheia de vida e acalmou o coração da equipe com tanta simpatia.

05 dezembro 2008

O que posso ou não fazer?

Das dúvidas mais comuns nas Comunidades de transplantados de Córnea, e acredito que para qualquer transplantado, a maior é o que podemos fazer após a cirurgia.
É possível praticar esportes? É permitido maquiagem?
Como sempre, respondo que o que deve prevalecer é o nosso bom senso. Lembrar que somos transplantados e que os cuidados devem ser redobrados.
Nos 3 primeiros meses as restrições são quase que totais. É o período mais delicado. Aos poucos a vida vai tomando um ritmo quase que normal.
Mas, devo jogar futebol, volei, surfar...?
Todo esporte coletivo está sujeito a empurrões, batidas, boladas no rosto. Surfar sem quedas, sem contato com a água do mar, não tão limpa quanto gostaríamos, é praticamente impossível.
Maquiar-se sem que se corra o risco de pó de sombra, rimel ou que outra maquiagem caia no olho, também.
É claro que não vamos nos privar para sempre do que gostamos, mas é preciso um tempo longe e sempre respondermos à pergunta: o que essa atividade pode prejudicar a minha córnea transplantada?
Se usarmos a nossa responsabiliade e o nosso bom senso, saberemos a resposta.

28 novembro 2008

[Curiosidade] - Córnea transplantada é usada há 123 anos

A córnea transplantada do norueguês Bernt Aune está em uso há 123 anos - desde antes da construção da Torre Eiffel. "Este é o olho mais antigo da Noruega. Não sei se é o mais antigo do mundo", disse Aune, motorista de ambulância aposentado de 80 anos, à Reuters pelo telefone nesta quinta-feira. "Mas minha visão não é excelente".
Aune foi submetido a um transplante de córnea no olho direito em 1958. O órgão era de um homem mais velho, nascido em 1885. A operação foi feita no hospital Namsos, centro da Noruega.
"Eu não ficaria surpreso se esse fosse o órgão vivo mais velho do mundo", disse o médico oftalmologista Hasan Hasanain, do hospital onde Aune foi operado, ao jornal Verdens Gang.
Na década de 1950, médicos esperavam que uma córnea transplantada funcionasse por apenas cinco anos, afirmou Hasanain. Tais cirurgias de transplante de córnea começaram no início do século 20 e estavam entre os primeiros casos de sucesso.
"Não era incomum usar córneas de pessoas mais velhas que morriam", disse Aune.
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Reuters

17 novembro 2008

Depoimento de Jacqueline Bandeira

Meu nome é Jacqueline, sou de Juazeiro/Bahia, casada e tenho dois lindos filhos!
Minha história começa a partir do momento que um ventilador LITERALMENTE cai na minha cabeça. Foi exatamente isso que aconteceu na noite de 21 de agosto de 2002 enquanto dormia com meu filho ao meu lado. Percebendo que ele tossia muito por causa do vento forte do ventilador, levantei, desliguei o aparelho e o virei para o lado.
Quando voltei a ligá-lo as paletas de acrílico se partiram atingindo o meu olho esquerdo por dentro e por fora, além do meu supercílio e nariz.
Pronto! Daí em diante minha vida deu uma reviravolta imensa. A possibilidade de ficar cega foi infinitamente dolorosa e desesperadora. Um momento difícil até de descrever.
Na manhã seguinte ao acidente fiz a reconstituição do globo ocular, pois o ventilador partiu o meu olho praticamente ao meio, foram atingidas todas as regiões, menos a retina que, com a força e a violência do impacto, mesmo sem ser diretamente atingida criou uma membrana, contribuindo ainda mais para a minha perda da visão.
Entrei na fila e seis meses depois fiz o meu primeiro transplante de córnea. Não foi fácil, pois meu olho ficou muito machucado. Junto com o transplante fiz mais três cirurgias (Vitrectomia anterior, pupiloplastia e implante de lente intra-ocular). Foi muito complicado controlar a pressão ocular após o transplante. Depois de muitos colírios e medicamentos e mais uma intervenção cirúrgica para abrir uma fístula (para melhor circulação líquido ocular) conseguimos finalmente estabilizar a pressão. Processo que durou aproximadamente dois anos. Quatro anos após o primeiro transplante, a córnea foi rejeitada. Meu sofrimento aumentou muito, pois meu olho sempre estava inflamado muito dolorido. Com isso desenvolvi outros problemas como a ceratopatia bolhosa (as bolhas estouravam e viravam ferida) me causava muita dor e desconforto.
Em fevereiro/2007 entrei na fila novamente, desta vez em Salvador. Um ano e meio depois fiz o meu segundo transplante (agosto/2008). Fiz também mais duas cirurgias na retina, desta vez foi bem menos traumático. A cirurgia foi um sucesso! Os médicos estão bastante otimistas e acham que tenho chances de voltar a enxergar. Hoje, três meses depois das cirurgias realizadas, estou bem melhor. Não sinto mais dor, estou fazendo o acompanhamento e já tirei os quatro primeiros pontos. Minha nova córnea está ótima.
Trabalho e levo minha vida normalmente. Consegui terminar a faculdade. Me formei em pedagogia e farei especialização em educação especial, para ter a oportunidade de contribuir e ajudar mais as pessoas. Esse é o meu maior objetivo.

O IMPORTANTE É NUNCA DESISTIR. Fácil não é, mas com o apoio da família, médicos competentes e acima de tudo muita fé em Deus, que nos dá força e coragem para superar os momentos difíceis, nossos medos, inseguranças e as barreiras que encontramos no caminho, conseguiremos seguir em frente lutando e ainda teremos forças para ajudar ao próximo...
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Jacqueline, ter te conhecido pessoalmente e ter sentido toda a tua força e coragem, só confirmam a grande admiração que tenho por ti.
Deus nos dá as pedras que podemos carregar e se as suportamos, tudo fica mais fácil.

15 novembro 2008

Cientistas testam técnica de sutura com laser

Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, dizem ter conseguido aperfeiçoar um aparelho que utiliza lasers de dióxido de carbono para fechar feridas dentro e fora do corpo com uma técnica conhecida como "sutura a laser".
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Quando se trata de fazer suturas em cortes e feridas, pouca coisa mudou no mundo nos últimos 2 mil anos. Mesmo com sofisticadas técnicas de microcirurgia, infecções e cicatrizes continuam sendo uma grande preocupação dos médicos.
Para minimizar esses riscos, especialistas tentaram usar lasers de dióxido de carbono para fechar feridas, mas, sem poder controlar a temperatura do laser, a técnica apresentava perigos ainda maiores. Agora, a equipe de Tel Aviv diz que acredita ter resolvido o problema.
Liderados pelo professor Abraham Katzir, do Grupo de Física Aplicada da Universidade de Tel Aviv, os pesquisadores dizem que o trabalho pode mudar a forma como cirurgiões costuram cortes na pele e dentro do corpo durante operações.
O novo aparelho reduz automaticamente o poder do laser se ele começa a se aquecer demasiadamente, e aumenta a temperatura para completar a sutura se ela está muito baixa.
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Precisão
Katzir alcançou essa precisão no controle do laser com a utilização de fibras óticas feitas de haleto de prata desenvolvidas na Universidade de Tel Aviv.
As fibras conduzem a energia para aquecer o corte e também controlam a temperatura.
"Suturas ou pontos não são à prova de água, sangue e urina podem passar através dos cortes, causando infecções severas", diz Katzir.
"Além disso, em muitos casos, um cirurgião precisa de muita habilidade para fazer uma costura interna, suturar pequenos vasos sangüíneos, ou costurar cortes na pele sem deixar cicatrizes."
Katzir e seus colegas foram bem-sucedidos em testes com pacientes que fizeram cirurgias para remover pedras na vesícula.
Ao final da cirurgia, quatro cortes foram deixados na pele do abdôme, dois dos quais foram suturados com técnicas tradicionais e dois com a sutura a laser.
Os resultados dos primeiros testes indicam que tecidos suturados com laser se regeneram mais rápido e deixam menos cicatrizes.
Testes preliminares também foram bem-sucedidos em suturas de cortes na córnea, bexiga, intestino, vasos sangüíneos e traquéia.

Tecidos delicados
Segundo os pesquisadores, a técnica também pode ser usada para suturar tecidos dentro do corpo em órgãos como os rins, ou mesmo em cirurgias no cérebro.
Perfeito para uso em tecidos delicados, o laser pode evitar traumatismos no fechamento de ferimentos internos, de acordo com os pesquisadores.
A equipe está trabalhando com a permissão do Ministério da Saúde de Israel e em breve deve tratar cortes mais longos, como os que resultam de cirurgias de hérnia.
Os pesquisadores anunciaram que pretende pedir autorização do órgão americano que controla alimentos e remédios, o FDA (Food and Drug Administration), para testar a nova técnica em grande escala.
Se bem-sucedidos, os pesquisadores esperam poder oferecer a técnica comercialmente dentro de poucos anos.
"Acreditamos que cirurgiões plásticos, particularmente, vão amar essa invenção", afirma Katzir. "Fazer suturas que se regeneram bem e sem deixar cicatrizes é uma verdadeira arte, que poucas pessoas dominam." Segundo o pesquisador, o novo método será muito mais fácil de dominar e resultará em uma sutura à prova de água, impedindo infecções e acelerando a regeneração dos tecidos.
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Fonte: BBC BRASIL.com - Todos os direitos reservados.

14 novembro 2008

Depoimento de Maria das Graças de Souza Garcia


Sou de uma cidade do sul de Minas chamada Pouso Alegre. Tenho 43 anos, sou casada há 18 anos e sou advogada e mãe de uma filha linda de 16 anos. (mãe coruja).
Descobri que tenho Distrofia de Fuchs há pouco mais de três anos. Naquela época, aqui na minha cidade, ainda não tinha transplante de córnea.
Passei por vários médicos, sem conseguir descobrir o que realmente tinha. Alguns me diziam que era somente catarata, mas como de manhã eu tinha um embaçamento muito forte nos olhos e depois passava, fiquei desconfiada que tinha mais alguma coisa.
Descobri através de um médico amigo, que tinha um médico especialista em córnea aqui mesmo na cidade. Fui até esse "anjo" e ele primeiro me pediu uma microscopia da córnea, que tive que fazer em Belo Horizonte, já que aqui não tem esse tipo de exame. Quando retornei com o exame ele confirmou o que eu tinha. De lá para cá, meu olho direito foi piorando, até que decidimos fazer primeiro a cirurgia de catarata para depois entrar na fila do transplante, pois no olho direito a doença ainda está estacionada.
No dia 01 de outubro fiz a cirurgia de catarata, que correu perfeitamente, mas ela acelerou a doença, o que é normal, e no dia 20 de outubro fui para a fila de transplante. Será feito aqui mesmo, com o meu médico, que inclusive fez especialização no Hospital de Sorocaba.
Estou ansiosa para que chegue logo a minha vez, mas não estou com medo. Meu médico foi um "anjo" que entrou na minha vida e que está me ajudando muito a superar meus medos e receios. Ele acabou se tornando um grande amigo, que me escuta e me tranqüiliza em relação a todo o procedimento do transplante.
A minha doença me fez enxergar o mundo de uma forma diferente.
Hoje dou valor às pequenas coisas que antes, devido ao dia a dia corrido que tenho, eu não enxergava.
Dentre eles o lindo sorriso que minha filha de 16 anos tem e que antes eu não contemplava. O seu belo rosto, que me diz: "Mãe eu estou aqui e te amo muito".
Além dela, tenho um marido maravilhoso, que me ajuda em tudo.
Do que posso reclamar?
Vamos ao Transplante!
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Graça
Como é importante chegar a essa compreensão da vida. É isso mesmo. Valorizar o que antes não valorizávamos. Aceitar o que nos foi designado e fazer disso uma forma de ajudar ao próximo. Que venha o transplante!

10 novembro 2008

Doação

Poesia feita por mim, Alice Daniel, para meus doadores.

(Se estiver trancando, deixem o vídeo rolar até o final e cliquem novamente para rodar)

07 novembro 2008

Profissão Repórter

Mostrando a realidade de pessoas que vivem sem a visão. A história do menino cego que virou bicampeão olímpico de futebol e advogado, a escola que ensina crianças a lidar com a cegueira. Dona Maria: 47 anos na escuridão e o recomeço depois da cirurgia. Na hora da morte, a missão delicada da equipe do hospital que precisa pedir a doação das córneas.

O link para assistir ao Profissão Repórter sobre deficiência visual e transplante de córnea:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM900057-7823-CEGOS+LUTAM+PARA+SUPERAR+AS+DIFICULDADES,00.html

31 outubro 2008

Depoimento de Viviana Mariana da Silva Santos

É muito difícil escrever toda a minha história de 9 anos, mas deixarei aqui alguns dos principais acontecimentos, pois sei que ajudará a muitos e trará esperança aos que ainda não têm.
Meu nome é Viviana, tenho 23 anos e descobri o Ceratocone com 14 anos. Fiz transplante de Córnea no dia 07/11/2007.
Procurei um oftalmologista pela primeira vez, porque sentia muita sensibilidade à luz, andar no sol doía meus olhos e faziam lagrimejar, em casa não suportava dormir com luzes acesas e, além disso, eles coçavam muito. Na verdade eu não havia percebido a dificuldade para enxergar!
Fiz óculos, mas o nome da doença o oftalmo nem sabia, só sabia que não tinha cura porque deformava a córnea!
Obs: Temos que buscar sempre um bom profissional, oftalmos competentes, embora o custo possa ser maior. Vale a pena! Nesses anos todos, passei por uns 15 profissionais. Mas encontrei um médico maravilhoso que me acompanha com responsabilidade e competência!
Quando recebi o meu primeiro óculos, e o coloquei no rosto levei um susto, pois VI algo diferente do meu normal: via as cores tão melhor, tudo tão mais bonito.
Seis meses se passaram e o óculos de lentes grossas de, como diziam meus amigos “fundo de garrafa”, não adiantava mais nada...via tudo embaçado a cabeça doía muito e os olhos não paravam de coçar!
Fui à procura de informação pela Internet, foi quando encontrei pessoas maravilhosas que passavam pelos mesmos problemas e que até hoje me ajudam MUITOOO, foi ai que compartilhando os sintomas descobri o nome da doença: Ceratocone. E mais uma vez tive que ir a procura de outro profissional para tratar essa doença.
O grau praticamente dobrava a cada seis meses... comecei a usar lentes rígidas.
Uma das maiores emoções da minha vida foi a primeira vez que coloquei minhas lentes, fiquei desesperada: O que eram aquelas coisas que eu estava vendo? Que cores lindas eram aquelas? E quando olhei para os meus braços Uau!!! percebia até as pintinhas que tinha. Na verdade eu nunca as tinha visto antes. Comecei a chorar (e agora ainda choro enquanto escrevo sobre isso). Era tudo muito novo, eu então percebi que antes não enxergava direito só havia me acostumado com o jeito que estava. Por isso me surpreendi tanto. Foi uma experiência maravilhosa para mim! Uma sensação inexplicável que marcou muito.
É... foi bom esses primeiros dias, mal sabia eu que percorreria longos e complicados anos... as lentes começaram a machucar meus olhos, não suportava mais usá-las, o vento a poeira o sol tudo incomodava, tinha que tirá-las pra limpar toda hora, depois começaram a cair constantemente e eu que nem uma doida toda hora procurando no chão, no sofá, no ônibus. Hoje sou uma profissional em achar minhas lentes perdidas por ai...(risos).
Eu tinha muito medo do transplante e fazia de tudo para evitá-lo. Meus olhos não suportavam mais o uso de lentes rígidas, o médico receitou o uso do piggback: lentes gelatinosas por baixo das rígidas. Isso me ajudou muito.
Me inscrevi na fila de transplantes mesmo sem querer aceitá-lo... dois anos se passaram e com eles minha esperança ia se acabando também, nessa longa espera a verdade era que não havia estrutura para transplante no hospital publico aqui do DF, eles passavam a vez na fila para pacientes que aguardavam pelo hospital particular. Foi quando conheci um médico maravilhoso que em meio ao desespero trouxe tranqüilidade e resolvi fazer o transplante em sua clinica.
Precisei somente mudar os dados na fila de inscrição trocando o nome do hospital. No mesmo dia recebi a tão esperada ligação marcando o horário do transplante em menos de 12horas
Agradeço a Deus por ter me abençoado tanto, mais fico revoltada com a precariedade do serviço publico no DF, porque sei que como eu sofria com a espera outras pessoas que não tiveram a mesma oportunidade que eu ainda sofrem. (A noticia que tenho neste ano é de que fila anda um pouco mais eficiente por causa de uma parceria do SUS com uma universidade).
O transplante foi um sucesso , fiquei muito feliz porque não é um “bicho de sete cabeças” como eu pensava, o repouso é delicado mas vale a pena ... Não posso deixar de agradecer à família doadora, pois em meio a morte me deram oportunidade de viver melhor.
Hoje sou outra pessoa, recuperei minha esperança, minha auto-estima, minha fé recomeçou, minha família também está mais feliz, pois todos sofriam comigo. Ah! Minha visão?
Poxa... muito melhor que antes e mais gostoso ver sem lentes...Uma delicia, um alivio...Tenho outra vida!
Bom vocês devem estar se perguntando essa garota é maluca, olha o tamanho desse depoimento, bom escrevi aqui aquilo que acredito que ajudará alguém que já passou ou ainda está passando por algo parecido. Assim como muitas histórias me ajudaram também e me encorajaram.
Espero que todos tenham a oportunidade de serem felizes como eu tenho sido, que não percam nunca a esperança de dias melhores, que acreditem que Deus existe e faz por você o que ninguém consegue fazer, que amem suas famílias e agradeçam todos os dias pelos amigos que têm. Eles nos ajudam a vencer e fazem as nossas vidas mais felizes!
Obrigada a todos e a Alice pela oportunidade!
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Viviana, não tens que agradecer a mim. Sou apenas um grão de areia entre tantas pessoas que levam suas experiências para ajudar a quem precisa.
Que a tua vida seja cada dia mais colorida.

20 outubro 2008

Nova etapa que se aproxima

Quando estamos numa fila de espera para um transplante, o tempo ganha outra dimensão. Temos a ansiedade da espera, a apreensão da cirurgia, o medo do pós-operatório.
Depois de 1 ano e 2 meses na fila meu retransplante se aproxima. Até a primeira quinzena de novembro, devo estar de córnea nova.
Uma experiência totalmente diferente da primeira cirurgia. Fiz o primeiro em Sorocaba, o segundo farei em Salvador. O primeiro foi Lamelar, com a técnica DSAEK, o segundo será Penetrante.
Ter os dois tipos de experiência me dará a chance de avaliar os prós e os contras de cada um. Poderei ajudar muito mais.
Me sinto muito mais tranquila que o primeiro transplante. Sei exatamente o que fazer, o que esperar. Sei como será realizado, o que acontecerá nos próximos meses.
É como ter o segundo filho. Apesar de ser diferente, estamos muito mais maduros e preparados.

10 outubro 2008

9 de outubro - Dia Mundial da Visão

A data faz parte do Programa Visão 2020, criado em 1999, que busca eliminar a cegueira evitável nos próximos 12 anos. No Brasil, é coordenado pelo Ministério da Saúde, por organizações não-governamentais, profissionais e grupos da sociedade civil.
Estima-se que 314 milhões de pessoas sofram algum tipo de deficiência visual em todo o mundo. Dessas, 37 milhões são cegas.
O Brasil tem cerca de 4 milhões pessoas com deficiência visual e aproximadamente 1,25 milhão de cegos, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
Mais de 26 mil brasileiros aguardam um transplante de córneas, segundo o último levantamento do Ministério da Saúde, relativo ao primeiro semestre do ano. Por isso, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia também aproveita o Dia Mundial da Visão para conscientizar as pessoas sobre a importância da doação.
No a site do Conselho há informações sobre córneas, relação de bancos de olhos de todo o país e referências sobre como e quem pode doar.

03 outubro 2008

Depoimento de Maria Roseli Bezerra Gallo


Queridos amigos,

É um prazer enorme poder estar compartilhando com vocês a minha história, que teve seu início a mais de 30 anos, quando se falar em transplante de córnea em nosso país
era algo do outro mundo. Juro não ter idéia da proporção e do desespero que causou em minha família, ao saber que eu, com 8 anos de idade, teria necessidade de fazer um com a máxima urgência, para que assim, fosse possível preservar pelo menos um dos dois olhos com ceratocone. Foi pensado em irmos para outro país, mas nem sei se meus pais avaliaram na época as nossas condições financeiras, o que sei é que o desespero os fazia correr em busca de médicos com maiores conhecimentos.

Um Oculista em SP, na época não me recordo de se falarem em Oftalmologista, nos indicou o Instituto Penido Burnier na Cidade de Campinas e nos encaminhou com uma carta ao médico, era a nossa única chance no Brasil e talvez no mundo, foram as palavras dele. Resumindo meu caso foi avaliado como grave. Após alguns meses fui submetida ao meu 1º transplante de córnea, para se ter idéia, fiquei por mais de um mês dentro de um quarto de hospital, deitada em uma mesma posição, sem movimentar a cabeça para nada, e com a cabeça totalmente enfaixada, as dores eram grandes, a maior parte do tempo dormindo, conforme minha mãe disse devido a ingestão de analgésicos. Para retirada de pontos, foi utilizada anestesia geral e passei mais alguns dias no hospital. Mas tudo valeu a pena, pois o resultado foi um sucesso.
Apesar da pouca idade, sempre usei lentes de contato rígidas, o que me possibilitou fazer o 2º transplante, agora já adolescente, também com o mesmo médico, em Campinas. Desta vez, fiquei hospitalizada por apenas dois dias e fiz questão que o procedimento fosse todo efetuado com anestesia local. Sentia-me tranqüila, aguardando aquele órgão novo que alguém tão generosamente havia me presenteado. Desta vez, eu passei por um sério principio de rejeição, fui afastada da escola, tinha muitas dores, tive muito medo. Mas, durona, nunca reclamei, acho até que tinha certa vergonha do meu médico que até hoje me trata como criancinha. E mais uma vez, tudo deu muito certo!
Com 25 anos, fazendo a segunda faculdade, amante da literatura, comecei a perder a lente por todos os lugares, ora no quarto, ora na sala, enfim, algo não estava bem e realmente este foi o diagnóstico dado. Eu teria que fazer o 3º transplante, o mesmo que havia feito quando adolescente. Mais uma vez eu e minha família iríamos passar por tudo novamente, medo, incerteza e o pior: a angústia da espera dos Bancos de Olhos. Até que o dia da cirurgia chegou. Tudo estava mais moderno ainda, entrei de manhã e fui embora à tarde.Tive que passar por tudo novamente é lógico, os cuidados, medos, a readaptação, o engatinhar. E outro sucesso.
No ano de 2007, passei por uma cirurgia que ainda não possui uma denominação especifica para todos os médicos, trata-se na verdade de uma plástica efetuada sobre a ceratoplastia penetrante (transplante), essa cirurgia foi efetuada no olho que foi feito meu 1º transplante, há 30 anos, para diminuir o astigmatismo, pois todo transplantado "herda" o astigmatismo, essa cirurgia pelo que me parece no futuro diminuirá muito o número de re-transplantes efetuados.
Hoje com o auxílio, que sempre haverá, de uma lente de contato de excelente qualidade, cuja oxigenação é maravilhosa enxergo 100% com cada um dos meus olhos.
Sou alguém muito especial, sou como meus médicos dizem a pessoa mais agradecida e feliz que eles conhecem. Para mim a dor, o medo, a insegurança, revolta, tristeza, dúvidas, etc., jamais foram mais fortes do que minha esperança.
De tudo o que passei, só ficou o gosto da vitória. Nas entrevistas que dei sempre deixo claro o quanto acredito nas pessoas que se unem por um ideal, nas pessoas que fazem uma corrente, não é? Eu sou o resultado da corrente.
Estou aqui para ajudá-los no que for preciso, pois minha história é linda!
Um enorme beijo a todos e muita paz.

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Roseli, é muito bom quando temos essa compreensão do que nos foi designado e revertemos nosso medo, dúvidas e fé em alegria, respostas e esperança.
Ajudar quem está iniciando esse processo também é um objetivo meu.
Obrigada pelo depoimento.

01 outubro 2008

Doação

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Minha córnea
é doação abençoada
vida em nova morada
luz onde havia breu
é flor brotando da terra
é semente replantada
de um jardim que já morreu
é palavra a ganhar forma
colorido que se transforma
novo mundo que seduz
meus olhos tornam-se tela
vêem a vida da janela
pinturas, sombras e luz
e cada lágrima que brota
sabendo que ninguém nota
qual rio desaguando ao léu
refaço-me passo a passo
descubro em suaves traços
que meu doador é o pincel
(Alice Daniel)
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26 setembro 2008

País usa 10% dos órgãos que podem ser transplantados

O diretor de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, afirmou que apenas 10% dos órgãos que poderiam ser transplantados são aproveitados no País. De acordo com Beltrame, os dois principais fatores que dificultam a captação de órgãos são a subnotificação de mortes encefálicas e a negativa das famílias em autorizar retirada dos órgãos do possível doador.
Ele participou em Brasília do lançamento de um pacote de medidas para ampliar a doação de órgãos e melhorar a gestão do sistema brasileiro de transplantes e da Campanha de Doação de Órgãos 2008. Segundo o diretor, 50% dos pacientes com morte encefálica são notificados nos hospitais brasileiros, gerando a possibilidade de consultar à família sobre a doação. Nessa metade dos casos, em que a abordagem é realizada, 20% dos familiares concordam com o transplante.
O diretor afirmou que as medidas e a campanha lançadas hoje visam a mudar esse quadro e como exemplo apontou a criação da bonificação de 100% na remuneração de procedimentos realizados pelas equipes hospitalares de captação de órgãos que resultarem efetivamente em transplante.
"Queremos estimular os hospitais a estruturar e qualificar o seu serviço de captação de órgãos. O processo de abordagem é difícil, requer treinamento e preparo, tendo em vista que se dá em um momento de dor das famílias. Da adequação desse procedimento, depende a possibilidade ou não de realizar o transplante" disse Beltrame. Ele lembrou que a lei determina que todos os hospitais credenciados pelo SUS com mais de 80 leitos tenham uma comissão de doação de órgãos.
Outra medida que entra em vigor e que, segundo Beltrame, pode contribuir para ampliar a captação de órgãos é a autorização e custeio pelo SUS para que os cerca de mil hospitais particulares que não têm convênio com o sistema passem a fazer a retirada de órgãos para doação. Até agora, quando ocorria uma morte encefálica em um desses estabelecimentos, o paciente tinha de ser removido para um hospital credenciado pelo SUS para que lá fosse realizada a retirada dos órgãos.
No primeiro semestre de 2008, as doações de órgãos cresceram 6% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o número de transplantes passou de 7 mil para 8,3 mil procedimentos, aumentando 15,68% no período. Segundo o Ministério da Saúde, o aumento maior no número de transplantes do que nas doações aponta um avanço no aproveitamento dos órgãos.
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Agência Brasil - 25/09/2008

18 setembro 2008

Depoimento de Denise Plens

Fiz meu transplante no olho direito no dia 07/01/08. Não quis anestesia geral e pedi para a médica a anestesia local com sedação e ela aceitou. Tomei a sedação e acordei uns 20 minutos de cirurgia, não deu para ver nada, pois meu outro olho estava com um pano em cima cobrindo.
Acompanhei o restante acordada e foram mais 40 minutos de cirurgia. Fiquei com o tampão até o dia seguinte. Passei a noite em claro por causa da dor, mesmo tomando remédio e quando estava chegando perto de tomar o outro eu até adiantava de tanta dor.
No outro dia tirei o tampão e a médica colocou uma lente para ajudar na cicatrização, só que eu achei que tinha algo estranho, pois eu não conseguia sequer ficar com o olho aberto, doía e lacrimejava muito.
Fui para casa para retornar dentro de uma semana. Ao retornar, ela disse que minha córnea doada estava totalmente sem epitélio e meu olho teria que refazer esse epitélio.Apos duas semanas, já preocupada, voltei e ela disse que ainda permanecia uma parte sem cicatrização, e o normal era cicatrizar em uma semana ou até antes. Eu teria que fazer um recobrimento conjuntival, ou seja, colocar uma membrana de placenta para ajudar na cicatrização. Fazendo isso ela veria se meu olho reagiu ou teria que fazer um novo transplante. Fiquei muito triste e voltei para casa. Dois dias depois, fiz só com anestesia local, ela aplicou duas injeções no meu olho e eu senti tudo, um sofrimento danado, e assisti também o procedimento todo. Durou uns 20 minutos.
Como era rápido ela não quis dar sedação e o que doeu muito foram as injeções no olho (anestesia local). Foi difícil também, passei a noite em claro com dor na face e no olho. Voltei depois de uma semana e ela disse que reagiu um pouco, cicatrizou mais não tudo e que eu teria que esperar mais uma semana. Voltei depois de uma semana e para minha tristeza não adiantou o procedimento. Tinha 80% de chance de dar certo, mas para mim não deu e eu teria que fazer um outro transplante. Motivo: falência primária da córnea.
Realizei meu segundo transplante no dia 18/02/08, só que dessa vez a médica fez com anestesia geral. Dessa vez, graças a Deus, deu tudo certo, foi totalmente diferente do outro transplante até na parte das dores. Não estou usando mais óculos, minha médica disse que está tudo bem, que está ótimo meu transplante, totalmente cicatrizado.
Comecei tirar os pontos em junho. Depois de todo sofrimento é só esperar para tirar os pontos e entrar na fila para fazer do olho esquerdo. Depois de tudo que passei e com a força de Deus, não tenho mais medo do transplante e digo para todos que a dor é só no primeiro dia, depois parece que você nem operou, é só fazer o tratamento certinho, pingando os colírios, que dá tudo certo.
Estou confiante e resolvi dar esse depoimento para ajudar todos que terão que passar por esse procedimento.
O importante é ser forte! Graças a Deus, estou muito feliz e desejo sorte para todos que estão nesta luta.
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Denise, essa força que buscamos e que nos faz ir em frente é o que nos torna capazes de encarar tudo novamente.
Boa sorte sempre!

14 setembro 2008

Depoimento de Tayana Márcia

Há exatamente um ano, descobri que era portadora de ceratocone nos dois olhos, sendo que no olho direito já estava com aproximadamente 14 graus de astigmatismo e a córnea totalmente danificada.
Sou extremamente alérgica, portanto não posso usar as lentes rígidas. Fui então encaminhada para o transplante.
Dia 02/05/2008, realizei o Tx. Nesta data, eu já estava com cerca de 17/18 graus de astigmatismo.
No dia seguinte da cirurgia, pude abrir meus olhos e enxergar aquelas letrinhas pequenas no exame... e isso me mostrou que nada é impssível. Talvez eu tenha passado por isso para crescer, aprender, e, principalmnente, ver que somos capaz de superar nosso medos, sim. Basta acreditar que tudo vai dar certo, ter fé.
Hoje, um ano depois de descobrir o problema, já 4 meses e meio depois da cirurgia, ainda enfrento problemas sérios, a alergia me atarapalha muito, tive começo de rejeição, tenho que tomar corticóide (o que causa diversos problemas), fora a dolorosa retirada dos pontos que inflamam direto por causa da alergia... Porém, nada disso ofusca a felicidade de, mesmo ainda com cerca de 4 graus, poder enxergar, poder ler um pouco mais, poder ter a vida um pouco normal.
Ainda falta um transplante, que só poderá ser ralizado no meio do ano que vem devido ao grande risco de rejeição do olho já operado. Mas nada mais me assusta: se tiver que fazer mais 10 transplantes, os farei com muita coragem e muita convicção de que, no final, vai dar tudo certo.
Não se desesperar é o melhor caminho, e, principalmente, poder contar com a família e com os amigos.
Só tenho a agradecer às pessoas que fizeram parte dessa história de alguma forma, me deram força, cuidaram de mim e me aguentaram (na verdade ainda aguentam) quando algo dá errado e eu acabo me irritando com todo mundo.
No fundo, sou e serei eternamente grata pela força que recebi, principalmente dos meus pais e da minha irmã, que em momento nenhum me deixaram desanimar e desistir...
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Tay, pessoas fortes, que encaram, mesmo com medo, os desafios, que acreditam que vai dar certo... pessoas assim, assim como tu, operam milagres em si e nos outros.
Parabéns pela força e pelas conquistas.

10 setembro 2008

Jornal Ponto de Vista

O Instituto de Olhos Freitas, em Salvador, edita o Jornal Ponto de Vista. É uma forma de manter seus pacientes atualizados sobre os avanços na Oftalmologia.
No link abaixo, vocês encontrarão um artigo sobre Ceratocone e Transplante de Córnea:
http://www.olhosfreitas.com.br/jornal/0009.swf
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Para folhear o jornal é só clicar nas abas inferiores e arrastá-las como se realmente estivessem folheando o jornal.

04 setembro 2008

São Paulo elimina fila para transplante de córnea

A fila de espera para transplante de córnea na capital paulista, Grande São Paulo e litoral do Estado de São Paulo acabou. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, esta é a primeira vez na história que isso acontece. De acordo com a Secretaria, a Central de Transplantes registrava hoje apenas três pessoas na lista de pacientes ativos (considerados aptos a realizar um transplante) da capital, região metropolitana e litoral. Ontem, o número chegou a zero, um marco inédito.Em agosto, o número de inscrições de pacientes praticamente empatou com o total de cirurgias realizadas. Foram 6,3 inscrições diárias, em média, contra 6 transplantes nessas três regiões.
A capital paulista, Grande São Paulo e litoral são responsáveis por cerca de 50% das córneas captadas em todo o Estado.Entre os transplantados em agosto, nessas três regiões, o tempo médio de espera foi de 1,6 mês, e 54,7% fizeram a cirurgia com menos de 30 dias de inscrição na lista da Secretaria. Há um ano a espera era de 5,2 meses. Em agosto de 2002 o tempo para transplante de córnea na capital ultrapassava dois anos.
De janeiro a agosto foram realizados 1.490 transplantes de córneas na capital, Grande São Paulo e litoral, 79% a mais do que os 832 registrados mesmo período do ano passado. Em todo o Estado o número de transplantes este ano chega a 4.048, contra 3.185 de janeiro a agosto de 2007. Se o mesmo ritmo for mantido São Paulo deverá chegar ao final do ano com recorde histórico em transplantes de córneas.
O aumento da captação de córneas no Estado começou a ocorrer em 2005, graças a uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde e o Banco de Olhos de Sorocaba, considerado o mais capacitado do País, que passou a captar o tecido em hospitais da capital e região metropolitana, reforçando o trabalho das Organizações de Procura de Córneas (OPC) que já atuavam nessa região.
A TardeOnline - 02/09/2009
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Se pudéssemos ler essa notícia sobre os outros Bancos de Olhos no restante do Brasil... Alguns ainda funcionam precariamente, levando até mais de 5 anos para que o paciente seja chamado.
Precisamos urgentemente de Campanhas que concientizem a população.

28 agosto 2008

Depoimento de Katia Moreira

Eita doença que chega de uma hora para outra e vai devastando tudo!
Eu descobri que eu era portadora da doença(Ceratocone) com 13 anos. Para mim foi o fim, na escola era uma dificuldade e tanto. Sentava na primeira carteira e não enxergava nada, apenas vulto. Dava para ver aquele cone de longe.
Tudo chegou ao fim no dia 23 de março de 2004, quando realizei o transplante.
A cirurgia correu bem e veio a fase da retirada dos pontos. Essa foi pior, pois o médico não conseguia tirar meu pontos com facilidade e quase sempre eu tinha que tirá-los no Centro Cirúrgico.
É uma sensação terrível ver!
Depois tive que passar por uma sutura de córnea e, aí sim, foi a pior parte. A anestesia não pegou, porque eu estava muito nervosa. Senti tudo e vi tudo.
Sou bailarina e na minha recuperação tive que parar com as minhas atividades
Eu tinha apenas 5% de visão agora eu estou com 100% e agradeço a Deus por poder ver as coisas maravilhosas do mundo!
Sei que é difícil lidar com essa doença, mas temos que ir à luta, ganhar uma nova córnea e passar por dificuldades.
Porém tudo é superado.
O Ceratocone é uma desordem ocular não inflamatória que afeta a forma da córnea, provocando a percepção de imagens distorcidas.
E foi assim que aprendi a valorizar as coisas simples da vida, como agradecer todos os dias quando acordo e ao abrir os olhos, consigo ver mais um dia maravilhoso amanhecendo. Aprendi também como é fundamental termos amigos verdadeiros. O quanto é importante termos uma família e que, realmente, dinheiro não compra nossa felicidade.
Agora estou na fila de transplante esperando para realizar no olho esquerdo.
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Katia, nada é por acaso. Talvez tudo o que passaste foi uma forma que Deus encontrou de te mostrar o valor das coisas simples, essa descoberta da vida.
Um beijo

23 agosto 2008

Depoimento de Paula Molina


Estou completando 4 meses de transplante.
No ano passado descobri que tinha Ceratocone nos dois olhos.
Fui encaminhada para Ribeirão Preto, sai da minha cidade, Franca, às 5 horas da manha para ser atendida as 13 horas.

Decepção.
Fui atendida por um médico grosseiro que perguntou-me para que eu precisava dos dois olhos. Chorei ao ouvir e ele disse-me para eu passar por um psicólogo, que eu estava com depressão. Quem não ficaria sabendo que estava perdendo a visão.
Isso foi em outubro de 2007. Ele mandou-me voltar em 23 de fevereiro de 2008 para fazer teste de lente.
Como teve gente que viu ele me maltratando, disseram para eu ir na ouvidoria reclamar. Reclamei, passou uma semana e o hospital me ligou pedindo desculpas e se eu podia ir na mesma semana fazer nova avaliação.
Chegando lá percebi que era o mesmo medico. Senti vontade de sair da sala, mas como tinha outro médico com ele, fiquei. Este médico olhou a minha visão e falou que era caso de transplante ou anel de ferrara urgente, mas o outro médico (aquele que tinha me atendido da outra vez), não aceitou. Falou que ia ver como o meu olho iria aceitar a lente de contato. E começou a me humilhar novamente: como eu havia passado na frente de todos, se eu devia voltar só em fevereiro?
Ele rasgou os meus pedidos, o médico que estava junto discutiu com ele e eu liguei para o meu marido. Falei que ficava cega, mas não voltava mais lá.
Voltei para minha cidade, paguei uma consulta e fiz o meu transplante na minha cidade mesmo.
Hoje minha visão não está perfeita, mas está melhor do que era.
Estou muito feliz!
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Paula. o importante agora é que estás bem e em progressiva recuperação. Às vezes os caminhos e as pessoas que encontramos são difíceis de transpor e aceitar, mas com fé e coragem ultrapassamos todas as barreiras.
Que continues a cada dia melhorando.

20 agosto 2008

Acantamoeba x Cuidados com a Lente de Contato

Acantamoeba é um protozoário de vida livre, encontrado em água de torneira, piscinas, saunas e em poeira. Ele pode causar úlcera de córnea, principalmente em usuários de lentes de contato que não seguem as orientações de limpeza e conservação adequada das lentes.
A úlcera de córnea por acantamoeba é uma doença muito grave, de evolução arrastada, de difícil tratamento.
Pode evoluir para necessidade de transplante de córnea ou até perda da visão.
Muitas complicações por lentes de contato poderiam ser evitadas se o paciente estivesse mais bem informado sobre suas lentes.
Essas orientações, que fazem parte da pós-consulta, podem ser realizadas pelo oftalmologista ou pela auxiliar de oftalmologia.
1) Todo paciente deve saber o tipo de lente que está usando, se descartável, se anual, gelatinosa, rígida gás-permeável,etc. Esse é um direito que ele possui e, contribui para consciência sobre o tempo de uso, descarte e tipo de material de limpeza a ser adotado.
A limpeza das lentes deve ser feita de acordo com o tipo de lente.É muito comum usuários antigos de lentes de contato rígidas acabarem lavando suas lentes na saliva, ato que deve ser combatido. Outros acabam usando vários produtos para a mesma função, pois receberam informações erradas em uma ótica ou conselhos de um amigo também usuário de lentes. O oftalmologista deve orientar sobre a limpeza, de acordo com o tipo de lente de contato adaptada ao paciente.
2)O usuário de lentes de contato deve saber analisar suas lentes, saber quando existem fungos, rasgos, depósitos, rachaduras, arranhões. Ele deverá deixar de usá-las assim que detectar alterações, pois entenderá que poderão prejudicar os olhos.
3) Saber manusear as lentes, para tirá-las rapidamente , é fundamental, principalmente na presença persistente de corpo estranho, para evitar lesões na córnea. Sinais de perigo:
O paciente deve estar a par dos sinais e sintomas de perigo e retirar suas lentes quando sentir:
· Dor/ olho vermelho/ Lacrimejamento / Secreção /visão de halos coloridos ao redor das luzes / visão turva sem as lentes e com os óculos, que permaneça por mais de meia hora.
· Procurar o Oftalmologista caso tenha alguns desses sintomas.
Alergias:
Muitos usuários desenvolvem coceira ocular após retirar as Lentes de Contato. Devem evitar coçar os olhos e usar outros produtos de limpeza das lentes.
Viagens:
-Usar material de limpeza mais prático e de fácil disponibilidade;
-Caso a viagem seja de avião e durar mais de 6 horas evitar usá-las pois, o ar condicionado é muito seco , além de haver a possibilidade de dormir ou cochilar a bordo.
-Levar sempre o óculos, mesmo se tiver o costume de usar lentes todas as horas de vigília.
-Não esquecer de levar 1 par de lentes de reserva.
- Levar colírio lubrificante para usar sobre as lentes caso haja necessidade.
Água da torneira / Soro fisiológico:
- Evitar usar água de torneira, principalmente usuários de lentes de contato gelatinosas, devido a presença da Acantamoeba na água, que poderia causar grandes transtornos oculares com prejuízo da visão e do próprio olho. Quando enxaguar as lentes, utilizar-se do próprio produto de limpeza. O Soro Fisiológico pode ser usado, porém, seu descarte deve ser imediatamente após o uso uma vez que contamina facilmente. ( preferir a embalagem - flaconetes )
- Evitar guardar as lentes em frascos inadequados ao armazenamento.
Estojo:
É comum verificar entre os usuários, o hábito de colecionar estojos de lentes. Muitos ainda guardam o primeiro estojo e alguns modelos até mesmo inexistentes no mercado.Esse hábito deve ser combatido pois a contaminação das lentes ocorre também por contato com estojos contaminados. Guardar lentes velhas na esperança de usá-las se um dia precisar de um " estepe", também é um hábito que deve ser desestimulado através de explicações ao paciente.
Lugar de lentes e estojos velhos é o lixo!
- A troca dos estojos não deve ultrapassar 4 meses, mantendo inclusive, o hábito semanal de limpeza, com escova de dente e o produto de limpeza das lentes .
- Sempre leve o estojo e os óculos quando sair usando lentes.
Colírios:
Algumas pessoas questionam sobre o uso de Soro Fisiológico sobre as lentes quando sentirem olho seco, ardor na presença de fumaça de cigarro, ar condicionado, e em ambientes com pouca umidade do ar .
O mais aconselhável é o uso de colírios umidificantes /lubrificantes próprios para o uso de lentes de contato. Em caso de dúvida, entrar em contato com o seu oftalmologista. Ele estará a sua disposição para resolver questões sobre Lentes de contato!

13 agosto 2008

Banco de Olhos da Bahia registra 120 doações este ano

O Banco de Olhos da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia já registrou, este ano, 120 doadores de córneas, um aumento significativo em relação a anos anteriores - 100 doações durante todo o ano de 2006 e 70, em 2005.
O coordenador técnico do serviço, o oftalmologista Jorge Paulo Araújo, explica que o registro de 120 doadores representa 240 córneas doadas, mas, em geral, cerca de 40% das córneas doadas, por motivos diversos, são descartadas. Em função disso, foram realizados 133 transplantes de córnea no estado em 2008.
A espera pela cirurgia no estado pode ser superior a um ano.
Segundo o oftalmologista, com a maior conscientização da população sobre a importância da doação e o apoio de todos os segmentos da sociedade, sobretudo da mídia, “a fila de espera para transplante de córnea pode ser zerada”.
“Na Bahia, a cultura de doação de órgãos é pouco difundida, o que gera imensa quantidade de negativas familiares dos potenciais doadores”, aponta Jorge Paulo, acrescentando que o engajamento da sociedade em geral nas campanhas educativas também é muito pequeno na Bahia.
O Banco de Olhos é responsável pela retirada, transporte, avaliação, classificação, preservação, armazenamento e disponibilização dos tecidos oculares doados, ou seja, por todas as etapas de processamento dos tecidos. “A execução dessas etapas é a única maneira de garantir que os procedimentos serão feitos de forma ética, com segurança, por profissionais capacitados e de acordo com as normas médicas internacionais para esse tipo de atividade”, esclarece o médico.
Qualquer pessoa pode ser doadora de tecido ocular, independente de idade, uso de correção visual (óculos ou lentes de contato) ou de alguma possível doença. “O importante é conversar com os familiares sobre o desejo de doar, porque a família é a única responsável pela efetivação de uma doação e a retirada dos tecidos oculares só pode ser feita com a autorização da família”, enfatiza o coordenador do Banco de Olhos da Bahia. O serviço disponibiliza folhetos informativos, que podem ser solicitados por aqueles que desejam ser doadores.
O oftalmologista garante que a retirada dos tecidos oculares é feita com técnica cirúrgica que não deixa vestígios e não provoca qualquer modificação na aparência do doador. “A doação é feita após a parada do coração e a captação (retirada) dos tecidos oculares pode ser feita até 6 horas depois de constada a morte encefálica”, finaliza Jorge Paulo.
Jorge Paulo Araújo e Marco Pólo Ribeiro, oftalmologista do Banco de Olhos do Estado, participaram recentemente, em São Paulo, do VIII Curso Certificado de Treinamento Técnico e Científico em Banco de Olhos do Brasil, promovido pela Associação Panamericana de Banco de Olhos – Apabo.
O curso, com 15 dias de duração, é avaliado pela revista americana Córnea como o melhor sobre Banco de Olhos da América. Além da troca de experiência, especialistas baianos mantiveram contatos com profissionais de todo o país, inclusive os responsáveis pela implantação de Banco de Olhos que estão bastante avançados em gestão e eficiência, a exemplo de Sorocaba, São Paulo, Cascavel, Fortaleza e Porto Alegre.
Entre os objetivos principais do curso estão a formação de profissionais, a padronização dos procedimentos nos Bancos de Olhos, e o estabelecimento de um sistema de qualidade no processamento dos tecidos oculares doados.
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Artigo retirado do site do Governo da Bahia - 08/08/2008

10 agosto 2008

Um pouco mais sobre transplante

Quando fiquei sabendo que precisaria fazer o transplante, muita coisa passou pela minha cabeça. Se qualquer cirurgia assusta, imaginem um transplante no olho! No entanto, tudo foi tranqüilo e a cirurgia durou o tempo de ir ao shopping fazer umas comprinhas e voltar para casa.
Mas se tudo é tão simples, por que ainda se acredita que o transplante de córnea é um verdadeiro bicho-de-sete-cabeças? Vários tabus rodeiam o assunto, como tráfico de órgãos e a lenda de que a pessoa passa a enxergar 100% imediatamente após o transplante.
O maior problema do transplante não está na cirurgia, que é simples e segura, mas na grande falta de informação por parte da população, que não é preparada para a doação de órgãos. Esse contexto acaba gerando uma grande fila para conseguir a córnea.
A córnea é a primeira parte do olho, a camada externa através da qual a luz é “filtrada”. Quando enxergamos, a luz passa pela córnea, depois pelo cristalino e atinge a retina. A córnea é como se fosse uma lente centralizadora desse foco. Ela e o cristalino são os responsáveis pelo grau da pessoa. É a lente mais poderosa do olho.
Na maioria dos países, a principal causa de transplantes é o ceratocone,
As distrofias também são grandes causas de transplantes, principalmente a de Fuchs. São doenças genéticas que mudam a transparência da córnea. Geneticamente, pessoas que têm essas distrofias passam uma informação errada e as proteínas passam a produzir células opacas. Outras situações em que o transplante é indicado incluem cicatrizes pós-trauma causadas por acidentes de automóveis e úlceras decorrentes de lentes de contato mal adaptadas e mal conservadas. Esses casos podem levar à lesão ou até a perfuração da córnea.
Depois que a doença é diagnosticada começa o processo de espera. O médico inscreve o paciente numa fila chamada lista única de banco de olhos, organizada por regiões. A única maneira de conseguir uma córnea mais rapidamente acontece em casos de emergência. Doenças que deixam o olho sob risco de perfuração, como úlcera de córnea, retransplantes ou crianças têm privilégio.
Chegada a tão esperada córnea, o procedimento pode ser marcado. Há dois tipos de transplantes: lamelar ou penetrante. O primeiro tipo de operação é indicado em casos de patologias superficiais, como degenerações da córnea, e consiste em retirar e substituir algumas camadas do tecido. Nos casos mais sérios é indicado o transplante penetrante, quando a córnea inteira é retirada e trocada.
Após a cirurgia são indicadas diversas medicações para evitar a rejeição do transplante. São receitados antibióticos, corticóides, lágrimas artificiais e gel lubrificante. Depois as doses de medicamentos são diminuídas progressivamente e os pontos são retirados após alguns meses.
O pós-operatório é importantíssimo nesse processo. É preciso ficar atento a qualquer modificação, por menor que seja, do olho. Olho lacrimejando ou vermelho deve ser comunicado ao médico rapidamente, pois podem indicar rejeição.
Uma série de cuidados também se faz necessário: evitar pegar peso, banhos de mar ou piscina, exercícios físicos, trabalhos caseiros. Para as mulheres, salão de beleza só para lavar os cabelos! É bom evitar tintura, maquiagem, uso do secador por um bom tempo.
Mas a maior inimiga do transplante é a fila gigantesca que se enfrenta na maioria dos estados para se conseguir uma córnea.
O que falta nos grandes hospitais, nos grandes centros, e talvez falte ao governo federal, estadual e municipal é um incentivo ao transplante, uma campanha de educação da população.
A doação é parte essencial para a resolução desse problema. Diferentemente do que ocorre na captação de tecidos vascularizados, como rins, coração ou pulmão, para que a córnea seja obtida não é preciso que o doador tenha sofrido morte cerebral. O tecido pode ser captado até seis horas após o óbito do paciente. As pessoas ligadas a essa área têm que se mobilizar para, nesse intervalo, convencer as famílias da importância da doação e obter as córneas. É uma causa nobre, que honra o doador.
É preciso desconstruir os mitos em torno da doação de tecidos, mostrar que existe todo um sistema voltado contra a pirataria e que esses órgãos serão utilizados para salvar a visão ou até a vida de outras pessoas.
Se bem informada, a população certamente terá maiores condições de doar.

05 agosto 2008

Depoimento de Alexandre

No dia 01/10/2007, minha "sorte" teria chegado. Me ligaram falando que estava disponível a minha córnea.Fiquei nervoso, tinha apenas 4h para dizer sim ou não. Devido a esse aperto, passei a córnea pra frente.
No dia 03/10/07, me ligaram novamente. Juntei coragem e disse "sim", achei coincidência me ligarem 2 vezes, achei que era um verdadeiro recado de Deus, mandando eu me curar. Meu Deus, se eu soubesse o que ia acontecer comigo...
Fiz o transplante num conceituado hospital de Goiânia (moro no interior), onde já tratava desde os 14 anos (atual 26).No fatídico dia, entrei na sala de cirurgia, rezando muito... muito... pedindo a Deus pra me acompanhar.
Fiz o transplante no olho esquerdo. Ocorreu aparentemente tudo bem.
Fui para o hotel com minha família. No dia seguinte (05/10/07) de manhã, ao pingar colírio, ardeu bastante. Achei estranho. Chegando ao médico, constatou uns "pontos frouxos, e um estourado" - juro que não fiz nada de mais, fiquei em absoluto repouso.
Tive que voltar ao centro cirúrgico. Para dar outros pontos. Minha médica, disse que achou meu olho vermelho, e resolveu colher material do meu vítreo, no meio da cirurgia.Resultado do exame: klebisiella – uma bactéria bem virulante (agressiva).
Bem, ai começou meu calvário... Repassou-me para um PHD em infecção, que me receitou 3 doses de um remédio na veia. E me disse que o certo, era tomar essa injeção no olho (Injeção intravitrea).
Minha médica não seguiu o procedimento padrão.
Meu olho inchou muito... muito.. muito mesmo!
Por incrível que pareça, minha médica falava que era bom meu olho estar inchando, pois era sinal que o organismo estava reagindo (juro que ela falou isso).
No dia 09/10/07, minha nuca começou a inchar, minha gengiva começou a ficar dolorida. Meu olho estava muito grande.
Nunca rezei tanto na minha vida. Bati altos papos com Deus, refleti sobre toda minha vida... E sinceramente, temi por ela, pois poderia ser vitima de infecção generalizada.Dia 10/10/07: Me levam em outro hospital (CBCO), fazem uma ultra-som, e constatam que meu vítreo (parte liquida interna do olho) estava todo cheio de material infeccioso.
Junta de médicos, vêem todo meu quadro, e falam: “Rapaz, seu caso é muito grave, você corre o risco de perder seu olho ou até de acontecer algo pior. Temos que agir agora”Perguntei: Doutor, mas corro o risco de ficar cego, olho murcho e de ter que arrancar o olho? Resp: Sim, tudo isso.
Perguntei: Mas posso ficar bom? Resp: Sim há chances.
Pois é, 3h depois, fiz um vitrectomia. Nas 3 cirurgias fiquei acordado. Como sempre, rezei durante toda a cirurgia, pedindo proteção a Deus, meu anjo de guarda, Nossa Senhora e Santa Luzia. Não tinha um pingo de dúvidas, de que meu olho ficaria bom.
Durante a vitrectomia, os médicos diziam: “Olha só, o vítreo dele virou um algodão” doce (as colônias de bactérias). Tínhamos que estar filmando isto”Meus amigos... sai da cirurgia.. no outro dia já me sentia melhor, sem aquela sensação de febre e cansaço.
A CÓRNEA pegou! Mas a infecção, afetou e muito meu olho... não enxergo mais nada dele... além de ter perdido muito volume, ficando murcho e com aspecto estranho, pois a córnea nova, ficou grande para olho.
Minha retina esta estruturalmente boa, mas a infecção “intoxicou” meu olho, levando o mesmo a perda das funções.
Quando se está operado, temos a tendência de acreditar em tudo que os médicos dizem.
Não vão nessa, qualquer vermelhidão, fale com seu medico, e SEMPRE VÁ ATRÁS DE UMA SEGUNDA OPINIÃO, MAS NÃO AMANHÃ, E SIM HOJE!!!! ESTUDANDO NA INTERNET, SOBRE MEU PROBLEMA, NOTEI QUE É PROCEDIMENNTO PADRÃO: SUSPEITOU DE INFECÇÃO HOSPITALAR/ENDOFITALMITE: INJEÇÃO INTRAVITREA DE ANTIBIÒTICO E CORTICÓIDE E RETIRADA DE MATERIAL PARA ANTIBIOGRAMA.O INDICE DE CEGUEIRA POR ENDOFITALMITE, É ENORME! TODOS OS ARTIGOS MÉDICOS QUE ESTUDEI, AFIRMAM ESTA PATOLOGIA É O MAIOR DESAFIO DA OFTAMOLOGIA.Sempre tive muito medo dessa cirurgia... mas deu no que deu.. rezo muito todo dia, e espero sim um milagre!
Do OD enxergo normal, dirijo e só uso óculos de grau.
Abraço a todos!
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Alexandre, difícil dizer algo que minimize o que fizeram contigo. O prazer de viver e de curtir as coisas boas da vida deve sempre prevalecer.
Milagres acontecem...

02 agosto 2008

Depoimento de Maria da Glória Santos

Tenho Ceratocone nos dois olhos e trato desde 2001, quando descobri e já estava com grau avançado em meu olho direito.
Após vários tratamentos oftalmologicos, soube que deveria fazer o transplante no ano passado mas entrei na fila somente este ano.
Realizei o transplante no dia 21/07 aqui em São Paulo. É muito recente e incômodo ainda, mas estou muito confiante e agradeço a Deus pela oportunidade que me foi concedida de enxergar novamente.
Embora ainda não enxergue absolutamente nada, ainda doer um pouco, a luz incomodar muito, ter a sensação de 16 pontos que não serão retirados tão breve e ter que retornar ao trabalho na próxima segunda-feira e não ter a menor idéia de como será o meu dia...

Estou muito feliz por saber que a cada dia tenho melhorado e que muito em breve verei o mundo como ele realmente é.

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Maria da Glória, teu transplante é recente e a volta da visão é gradativa. Precisamos passar por algumas sensações desagradáveis, como a fotofobia, mas logo verás que tudo valeu a pena.
As dúvidas e medos serão compartilhados.
Que o teu pós operatório seja tranquilo.

31 julho 2008

Apenas coincidência?

Quando digo que nada acontece por acaso, não estou fazendo o jogo do contente, não
É porque acredito realmente na mão d'Ele nos direcionando para um caminho.
Com certeza tudo o que tenho feito até agora não teria se realizado se o meu transplante tivesse um resultado positivo.
Será apenas coincidência?
Ontem peguei um táxi para a minha consulta de acompanhamento com o meu oftalmologista.
Dei o nome da rua e as coordenadas de como chegar lá.
Na metade do caminho, Rubem, o taxista, perguntou-me se nessa rua não ficava uma Clínica de Olhos. Respondi que sim e era para lá que eu ia.
Ele virou-se e disse: eu preciso fazer um transplante de córnea, mas tenho medo. Ao que eu respondi: eu sou transplantada de córnea e não precisas ter medo.
Os olhos dele encheram-se de lágrimas.
- Foi Deus que colocou a senhora no meu caminho. Eu tive úlcera de córnea. Desculpa lhe perguntar, mas como é o transplante?
Calmamente, conversei com ele sobre os benefícios que o transplante lhe traria. Da anestesia que era local, dos cuidados pós-operatórios, da rapidez na melhora e na volta ao trabalho.
Pedi que ele voltasse à médica e que se inscrevesse na lista o quanto antes, já que a úlcera de córnea é uma condição que ameaça a visão e que pode trazer conseqüências graves.
Chegamos à Clínica e fiquei por mais de 15 minutos respondendo a todas as perguntas que me fazia.
Emocionado, ele despediu-se dizendo-me: - eu nunca pensei em fazer o transplante. Hoje, depois de conversar com a senhora, vou me praparar para fazê-lo.

Cheguei atrasada para a minha consulta, mas com o coração transbordando de alegria.

30 julho 2008

Cegueira x Cegueira Transitória

Cegueira é privação congênita ou perda, parcial ou total, transitória ou permanente da visão.
Tanto uma ferida como uma doença no olho podem afetar a visão. A clareza da visão denomina-se acuidade visual, que oscila entre a visão completa e a falta de visão.
À medida que a acuidade diminui, a visão torna-se cada vez mais imprecisa. A acuidade mede-se normalmente por meio de uma escala que compara a visão de uma pessoa a 6 m com a de alguém que tenha a acuidade máxima. Em consequência, uma pessoa que tenha uma visão de 20/20 vê objectos a 6 m de distância com completa nitidez, enquanto uma pessoa com uma visão de 20/200 vê a 6 m o que uma pessoa com acuidade máxima vê a 60 m.
Legalmente, a cegueira define-se como uma acuidade visual inferior a 20/200, inclusivamente depois de uma correcção com óculos ou lentes de contacto.
Muitas pessoas que são consideradas legalmente cegas podem distinguir formas e sombras, mas não os pormenores normais.
Pessoas com alguns tipos de distrofias e doenças , como o Ceratocone na sua forma mais grave, podem ficar com cegueira transitória, pois há cura.
Se não realizarem o transplante, mesmo vendo formas e sombras serão consideradas legalmente CEGAS.

29 julho 2008

Depoimento de Guillermo Daniel Vinueza Constante

Finalmente fiz o meu tx no OE no dia 25/07 às 16h no BOS.
Como estava prevendo tive muito medo e fiquei bastante apreensivo, mas deu tudo certo. A anestesia foi local e a cirurgia foi feita com Intralase.

Após a cirurgia voltei para o quarto ainda sedado e irritado, mas no dia seguinte já estava bem; retirei o curativo e a médica pingou um colírio verde para avaliar a minha córnea.
Ela falou que a córnea transplantada estava perfeita e o corte foi perfeito, me deu alta.
O que mais me imcomoda é a fotofobia e a dor.
Hoje acordei melhor, com o meu olho menos inchado, só que a fotofobia aumentou. Estou passando 3 colírios.
Graças a Deus estou enxergando um pouco melhor, mas eu sei que tem ainda muito chão pela frente. O mais importante agora é a minha recuperação e ter muita paciência...
Nessa quinta dia 31/07 vou para a minha próxima consulta.
Agradeço a todos que torceram e rezaram por mim, aos componentes da comunidade, a minha família e a minha namorada que esta tendo todo o trabalho de me cuidar e pingar os colírios rsrs.

P S: Quem escreveu essa mensagem foi a minha namorada, pois ainda não consigo ficar perto do computador.
Abraços e obrigado.


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Guillermo, viu como foi tudo muito simples? Nem precisava do medo, não é mesmo?
Mas sei que não tem jeito. Temos medo sim, temos ansiedade, sofremos sem saber como nosso organismo reagirá.
O bom é que temos uns aos outros como apoio num momento tão importante como este.
Não esqueci do olho verde e hoje consigo a resposta.

28 julho 2008

Depoimento de Eunice Maria Borges Lopes

Fiz o transplante do OD dia 26/06/2008. Ontem fez um mês.
Tenho Distrofia de Fuchs. Já sabia que deveria fazer o transplante desde 2000, mas, por falta de informações precisas, pois fiz catarata há 14 anos atrás e 6 meses após, tive descolamento da retina. Passados alguns meses, tive úlcera de córnea e fiquei com edema.
Os médicos onde ia falavam que não deveria fazer o transplante por causa da cirurgia do descolamento. Então, fiquei até o final do ano passado sem fazer nada.
Só que a minha visão foi piorando cada vez mais, até eu estar com 10% de visão no OD e uma catarata se formando no OE.
Estava me sentindo muito mal, sem enxergar direito. Marquei consulta com o oftalmologista no começo desse ano, refiz todos os exames e a Distrofia estava bem pior, inclusive no OE.
Resolvi fazer o transplante após muito pensar e disse para mim mesma: Eunice, você não tem opção, tem que fazer e pronto.
Bendita hora! Graças a Deus, tudo correu muito bem, e, está correndo.
Não senti nada, nem na hora nem após a cirurgia. Só fiquei 2 dias na fila! Dia 24/07, fui ao médico e ele disse que está tudo muito bem. Que vou melhorar muito a visão. Não senti fotofobia, nenhuma dor, graças a Deus.
Sabe, amigos, vocês todos são de uma ajuda inestimável, tenho que agradecer a todos, pois, todas as minhas dúvidas tirei na comunidade (Comunidade Transplante de Córnea - Orkut). Foi com a amiga Alice Daniel, que fiquei sabendo que o que eu tinha era Distrofia de Fuchs.
É muito bom poder enxergar a luz, não aquela névoa espessa. Só nós que passamos por isto, podemos dar valor.
Obrigada a todos e vocês são meus amigos do fundo do coração!

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Eunice, não tens que agradecer. Estamos juntos para isso: ajudarmos uns aos outros. Com a experiência vivida por cada um, aprendemos a encarar e a entender a nossa dificuldade.
Fico feliz pela tua recuperação e sei que dia após dia a tua visão melhorará.

27 julho 2008

Depoimento de Michel Cirilo


Eu tenho Ceratocone e desde os 14 anos usuário de RGP (lentes rígidas gás permeáveis). Aos 18, de Ultracone e com 19 não conseguia mais usar lentes no olho direito, pois o cone estava muito avançado e a lente havia causado um leucoma no centro da córnea, pois raspava, deixando um astigmatismo que piorava mais ainda a visão. Hoje tenho 21 anos.
Passei por vários oftalmos e sempre a mesma opinião: anéis no seu caso não adiantavam, nem lamelar, nem crosslink, pois o cone era muito grande. Então, no dia 20/06 me ligaram do BOS avisando que meu Tx no OD estava marcado para dia 24/06 às 19:30. No dia 24/06 não fui ao trabalho; estava em jejum desde as 11 h, peguei os exames do pré-operatório e fui para o hospital.

Fiquei no quarto até a sala da cirurgia ser preparada. Me levaram para lá com uma fita no braço direito. Quando deitei na maca e vi meu médico comecei a tremer, meu queixo batia, comecei a suar frio. Veio o anestesista e começou a conversar explicando como seria a anestesia,
Eles me deram um calmante que me fez dormir um pouco, não vi a anestesia, mas quando acordei, meus braços e pernas estavam amarrados, e o médico estava com um tipo de compasso medindo.
Vi várias coisas, depois ficou tudo branco. O mais difícil foram os pontos, eu dizia que estava doendo, o doutor dizia que era impressão minha, que estava anestesiado, mas quando minha pálpebra começou a tremer, sinal que estava mesmo sentindo, ele chamou o anestesista que aumentou a dose e eu só acordei nos 4 últimos pontos.Recebi alta e fui para casa na mesma hora.
No dia 27/06 fui para o consultório dele onde logo pela manhã tirou o tampão. Pediu para ficar com o olho aberto, e quando ele ligou a luz eu desmaiei.
Nos 3 primeiros dias não conseguia abrir o olho, lacrimejava muito e nem o esquerdo conseguia abrir, pois eu sou destro e tenho dificuldade de abrir o olho esquerdo sem abrir o direito, quando eu tentava abrir o olho esquerdo forçava o olho direito e doia um pouco, então eu desisti e resolvi ficar os 3 primeiros dias com o olho fechado. só abria para pingar o Zymar e Pred Fort.
Doia um pouco, o doutor disse que era porque os pontos estavam muito apertados, a pressão ocular estava em 15.
No olho do tx eu sinto menos fotofobia do que no outro que uso Ultracone, por isso nunca saio de casa sem óculos de sol.
Fiz topografia no dia 23/07 depois de 30 dias de Tx. O oftalmo disse que estou com hipermetropia muito forte, porque foi retirada quase toda a córnea e ficou muito pouco da antiga, e então a córnea nova aplainou muito, causando esta hipermetropia alta, e os pontos estão causando astigmatismo, pois estão cicatrizando e a cicatriz está ficando e isso não pode. pois pode ficar manchado, um tipo de leucoma. Então, talvez, ele retire os pontos ainda esse mês. Se retirar os pontos tem o risco de cicatrizar e ficar uma miopia.Agora é torcer para cicatrizar sem ficar nenhum dano na córnea, e que não precise retirá-los, Estou afastado pelo INSS, não é meu cargo, nem meu trabalho que vai trazer minha visão de volta.
Quem tem que pensar em mim sou eu!
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Michel, espero que o teu Tx dê ótimos resultados. Ele é recente e é preciso tempo e paciência para sentirmos os resultados.
Boa sorte!

24 julho 2008

Apesar de serem problemas comuns de visão, percebi que muitos não sabem o que significa...

... Miopia - Os portadores de miopia têm dificuldade para enxergar longe. Em alguns casos, a visão também é ruím para perto.
... Hipermetropia - Os portadores de hipermetropia têm dificuldades para enxergar perto. Em graus maiores, a dificuldade pode ser também para longe.
... Presbiopia - Também chamado de vista cansada, comum após os 40 anos. Os portadores têm dificuldades para enxergar para perto, principalmente para leitura de letras pequenas, para costurar, para colocar a linha no buraco da agulha e para escrever. A maioria das pessoas que nunca usou óculos, nem nunca precisou usar, cairá neste grupo após os 40 anos de idade, com algumas exceções. A dificuldade para perto tende a piorar com a idade.
... Astigmatismo - É um defeito existente na curvatura do cristalino, resultando em dificuldade para enxergar uma reta em determinada posição e não em outra. É corrigido com lentes de óculos chamadas "cilíndricas".

21 julho 2008

Depoimento de Maria Estela Pegoraro - pós-transplante

Eu operei dia 19/06/08, às 22:00 no HOS, em Sorocaba. Minha cirurgia durou um pouco mais que 2 horas. Fui levada para o Centro Cirúrgico às 20:40.
Não sabia se o que estava sentindo era medo ou alegria.
Naquela hora passou pela minha cabeça de como seria a minha vida dali para frente.
Chegando ao Centro Cirúrgico fui acomodada numa mesa e logo meu médico veio conversar comigo e logo em seguida veio o anestesista que aplicou-me algo e por alguns instantes eu dormi.
Acho que a ansiedade e o nervoso era tanto que logo acordei. Fiquei a cirurgia toda acordada.
Meu médico conversou comigo tentando me deixar relaxada, coisa que eu não estava conseguindo ficar, mas tenho certeza que na segunda cirurgia já vou esta muito mais relaxada, pois já sei como é o procedimento.
Um dia depois da cirurgia voltei para tirar o curativo. A ansiedade era muita para e quando ele tirou o tampão não sabia se chorava ou se ria ao mesmo tempo. Não tem preço que pague o que e senti. Você passa metade da sua vida dependendo de uma lente de contato, a ser obrigada a se acostumar com ela senão você não enxerga nada. Para mim foi uma felicidade imensa saber que agora eu posso quebrá-la, jogá-la fora... ainda uso no olho esquerdo, pois não operei ainda, mas espero logo operar para nunca mais usar lente de contato.
O meu retorno a Sorocaba foi no dia 18/07/08, o médico que me avaliou e disse que a minha cirurgia correu bem, que meus pontos estavam normais e me liberou para algumas coisas, exceto pegar peso. Já até fiz a inscrição para operar o outro olho. Meu médico acha que até novembro eu já esteja operada... Assim seja, porque quero entrar 2009 com olho novo e agradecer mentalmente aos meus doadores que me deram a visão de volta.
Essa felicidade para mim não tem preço. Estou feliz demais!
A melhor sensação nisso tudo é quando eu tiro a lente esquerda para dormir e consigo ver com o olho transplantado. Algumas coisas estão ainda um pouco embaçadas, mas meu médico disse que ainda tenho muito tempo para me acostumar com a nova visão, que a cada dia ela irá modificar.
Alice, quero te agradecer. Se não fosse esse anjo acho que eu agora não estaria aqui escrevendo esse depoimento, ela me ajudou muito. Eu por um erro, ou melhor, falta de orientação na hora em que tirei o curativo, não ouvi meu médico dizer que o uso dos colírios eram diários. Fiquei 4 dias sem usar o Pred Fort, até que comentei com a Alice sobre isso e ela veio a me disse que esse colírio usamos até 4 meses ou mais.
Foi ai que liguei para o meu médico ele me orientou a voltar a usá-lo. Por isso eu recomendo prestar bastante atenção no que seu médico fala. Na hora minha emoção foi tanta que acho que nem percebi o que ele falou. Mas hoje estou bem melhor.
E o mais importante disso tudo é saber que nunca mais o Ceratocone vai voltar...
Essa emoção não tem preço!
..

Estela, só quem passa por um transplante pode avaliar essa emoção.
Não tens que me agradecer em nada. Por sorte eu estava no lugar certo, na hora certa.
Se alguém deve ter o nosso agradecimento são nossos doadores que nos devolveram a oportunidade de enxergar!

20 julho 2008

O Olho Humano - Camadas da Córnea

Acho que para entendermos as diversas doenças que acometem a Córnea é preciso, antes de tudo, conhecê-la.



Primeiro uma visão geral do olho humano:


A Córnea é constituída de cinco camadas:

- Epitélio


- Membrana de Bowman


- Estroma


- Membrana de Descemet


- Endotélio





O epitélio é a camada da córnea superficial e compõe-se de quatro a seis outras camadas de células. O epitélio apresenta-se com uma superfície lisa e brilhante, o que lhe assegura o seu poder de refração. Seu funcionamento é uma espécie de bloqueio contra perda de líquidos e, conseqüentemente, evita a penetração de microrganismos.

A membrana de Bowman é formada de células do epitélio basal, da lâmina basal, e de fibras do Estroma anterior, a sua espessura é de 8mm a 12mm e sua formação é por fibras de colágeno e proteoglicanas, ela não tem o poder de se regenerar uma vez lesada. Seu diâmetro é de aproximadamente dois terços das fibras de colágeno do Estroma. Sua função baseia-se em manter a integridade e a organização epitelial e manter o Epitélio separado do Estroma.

O Estroma representa aproximadamente 90% da espessura total da córnea e é composto por fibras de colágeno. Sua densidade celular é reduzida, estando os ceratócitos localizados entre as lamelas, os axônios dos nervos e, as células de Schwann. Os ceratócitos são encontrados nos terços anterior e médio do Estroma.

A membrana de Descemet é formada a partir do Endotélio e, funciona como a lâmina basal do mesmo. Revestindo toda a superfície do Estroma, é composta por uma camada anterior (próxima ao Estroma), e por uma camada posterior (próxima ao Endotélio).

Estudos têm demonstrado que a Membrana de Descemet apresenta um espessamento ao longo da vida. Observa-se que embora sua camada anterior não varie significativamente, permanecendo ao redor de 3 mm, sua camada posterior chega a variar de 2 para 10 mm com o passar dos anos.
Por ser formada a partir do Endotélio, a Membrana de Descemet é facilmente regenerada.

O Endotélio é uma camada única de células hexagonais, medindo aproximadamente de 4 a 6 mm de altura e, 20 mm de comprimento, as quais células dispõem-se em um padrão tal que, por sua semelhança, é chamado de mosaico endotelial.
Quando há perda de células endoteliais, as remanescentes "deslizam" em direção à área lesada para ocupá-la, aumentando de tamanho (polimegatismo) e alterando a sua forma (pleomorfismo).
Esse mecanismo é responsável pelo reparo do endotélio, vez que a mitose em células endoteliais adultas é escassa e lenta.
A integridade funcional do endotélio corneano é essencial para que seja mantido o estado de deturgescência e, de transparência da córnea.
Através da transferência ativa de sódio e de potássio, o endotélio transporta água a uma velocidade de 6,5 ml/cm/hora, mantendo um estado de relativa desidratação da córnea. O suprimento de glicose é proveniente do Humor Aquoso, provavelmente por um mecanismo de transferência facilitada. O oxigênio também é proveniente do humor aquoso. É importante enfatizar que o Endotélio é fundamental para manter a transparência e organização das camadas da córnea evitando-se o edema corneano.
Quando do nascimento, a densidade endotelial varia de 3.500 a 4.000 células por milímetro quadrado. Na fase adulta, varia de 1.400 a 2.500 células por milímetro quadrado. O limite mínimo para que o endotélio possa manter a sua função é de 400 a 700 células por milímetro quadrado, quando a partir daí começa a ocorrer edema e conseqüente perda de visão.

19 julho 2008

Doação de órgãos cresce 29% em São Paulo


Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, o número de doadores de órgãos cresceu 29,3% no Estado de São Paulo. O estudo foi realizado com base nos dados do primeiro semestre deste ano. De janeiro a junho houve 213 doações, contra 167 no mesmo período de 2007.

O aumento nas doações se deve ao sistema adotado pelo Estado e na capacitação dos médicos para atuarem de forma rápida quando é diagnosticada a morte cerebral de um paciente.
"Temos um sistema descentralizado, em que cada hospital atende uma região e tem a missão de conseguir doadores. O sucesso se deve ao treinamento dado aos médicos da rede intra-hospitalar, que recebem informações sobre como identificar a morte encefálica de um paciente e como explicar à família sobre a importância da doação", avalia o coordenador de transplantes.

O principal problema para aumentar o número de doações apontado pelo coordenador é a falta de informação sobre morte cerebral ainda na faculdade. "Os estudantes de medicina não têm aulas a respeito disso, é uma falha no currículo. Precisamos de médicos com capacidade para identificar os casos potenciais para doação e salvar mais vidas".

Segundo ele, hoje aproximadamente 50% da população brasileira aceita a doação de órgãos. "É um número pequeno, se comparado com outros países, principalmente os europeus, onde o índice chega a 80%. Mas estamos evoluindo bem. No caso de São Paulo, se mantivermos o ritmo desse primeiro semestre, conseguiremos um número de doações 30% maior do que no ano passado", afirma.

Córneas
O estudo ainda aponta que houve aumento expressivo no número de transplantes de córneas. Foram 2.918 cirurgias, 23,6% a mais que as 2.361 registradas de janeiro a junho de 2007. "Como a córnea é um tecido, todos os óbitos são considerados potenciais doadores. Em São Paulo, a média de espera para um transplante não chega nem a um mês", informa o médico.

Outros órgãos, como rins e fígado só podem ser retirados enquanto o coração está batendo. O índice de aproveitamento, nesses casos, é de 90%. Já o coração só transplantado em 25% dos casos. “No transplante de pulmão, somente 5% dos órgão são aproveitados devido a contaminação e doenças existentes”.


Repórter Diário - Reportagem de Angela Martins
ABC, sábado, 19 de julho de 2008