16 março 2012

Depoimento de Paulo Lamblet Berruezo

Tenho 23 anos, sou estudante de medicina e sou portador de ceratoconjuntivite alérgica e tenho olhos muito secos.
Em 2007 tive uma úlcera de córnea bem pequena no olho direito em virtude de uma crise de conjuntivite alérgica grave que infectou e evoluiu com essa úlcera. Tratei cuidadosamente e fiquei bem.
Em 2009 tive outra úlcera de córnea exatamente no mesmo lugar da outra, também em função de uma ceratite. Tratei meticulosamente e fiquei bom de novo, restando um pequeno leucoma...
Até que em janeiro de 2012, "do nada" apareceu uma terceira úlcera de córnea, também no mesmo lugar das outras duas. Só que dessa vez, eu não estava em crise de conjuntivite nem ceratite. O olho estava calmo e tranquilo. Meu médico, especialista em córnea, diz que é uma úlcera trófica ou "úlcera em escudo" que é tipo uma úlcera alérgica, onde não há infecção, e ela simplesmente abre por falha no epitélio da córnea ou na cicatriz das outras úlceras. Ele acredita que pode ter sido em virtude do olho seco. Acontece que, dessa vez, por mais cuidadoso que eu tenha sido, usando vários medicamentos religiosamente na hora certa, essa úlcera foi ficando mais fina e mais fina... Meu médico resolveu pedir uma lente terapêutica para mim. No dia em que fui aplicar a lente terapêutica, a úlcera já estava extremamente fina e durante a colocação da lente, minha córnea perfurou. Felizmente, ela perfurou na frente do médico, que fechou rapidamente com a lente e a cola de cianoacrilato. Porém vazou um pouco de humor aquoso e a câmara anterior do olho meio que se fechou. Ele então disse que eu necessitaria de um transplante de córnea em caráter de urgência para refazer a câmara anterior do olho. Isso aconteceu numa sexta feira. Não sei se por milagre ou muita sorte, quando fui no consultório dele na segunda, a câmara anterior do meu olho tinha se refeito sozinha e o humor aquoso já tinha se restabelecido, e o meu olho voltou a sua anatomia interior normal. Porém, ainda estou com a lente terapêutica e a cola segurando a úlcera na córnea. Por isso, felizmente, não preciso mais fazer o transplante em caráter de urgência como antes pois a câmara já voltou ao normal. Mas ainda preciso fazer o transplante pois minha córnea está perfurada e por mais que cicatrize, já é a terceira lesão, e a córnea não terá mais estabilidade. Logo não tem jeito, tenho que trocar a córnea do olho direito.

Aí começa meu dilema, pois estou MORRENDO de medo dessa cirurgia, pela minha condição de ter ceratoconjuntivite crônica, que aumenta muito a chance de rejeição. Nunca consegui controlar minha alergia nos olhos, e a secura também. Só consigo controlar com corticoides... E quando usava corticoide, abaixava muito minha imunidade e infectava. Minha situação é essa... Estou sem saída, tenho que fazer um transplante e tenho altíssima probabilidade de rejeição. Meu médico está esperando aparecer uma córnea e me ligará a qualquer momento, pois disse que meu caso tem prioridade pelo meu olho estar perfurado. Então a qualquer momento ele vai me convocar pra operar. Estou meio que desesperado e tentando me conformar, pois como disse, não tenho escolha. Tenho que fazer o transplante de qualquer forma e com grande chance de rejeição. Meu sentimento agora é de medo, ansiedade, apreensão e mais um pouco de medo.

(Paulo, hoje, 16 de março, recebeu uma córnea nova. Que a sua recuperação seja tranquila)

06 março 2012

Femtosecond laser

O que é o Femtosecond laser?
O femtosecond laser é um tipo de laser que opera com pulsos extremamente rápidos. Estes pulsos são tão rápidos que são medidos em unidades de tempo chamadas fentosegundos (femtoseconds, em inglês). Cada fentosegundo corresponde a um milésimo de um picosegundo; ou a um milhonésimo de um nanosegundo; ou a um quatrilhonésimo de um segundo. Matematicamente, dizemos que um fentosegundo corresponde a 10-15 do segundo.


Não entendeu ainda?
Bem, vamos explicar de outra maneira.
Imagine o tempo de um segundo. Agora divida este tempo por um bilhão. Pegue esta bilhonésima parte do segundo e divida novamente por um milhão. Muito bem, você chegou no fentosegundo!
Assim, o femtosecond laser consiste em um tipo de laser extremamente rápido, o que lhe confere diversas vantagens sobre outros tipos de lasers, principalmente no que diz respeito à precisão e à segurança em procedimentos cirúrgicos, por exemplo.


Para que serve o Femtosecond laser?
Atualmente, o femtosecond laser já tem diversas aplicabilidades nas cirurgias oftalmológicas, principalmente nas cirurgias refrativas com laser, as quais visam corrigir os erros refracionais (miopia, hipermetropia, astigmatismo, etc), a fim de ofereceruma boa visão sem a necessidade dos óculos (ou com menor necessidade dos óculos). Neste sentido, o femtosecond laser permite a realização de cortes mais finos, mais precisos e mais seguros nas cirurgias do tipo LASIK (um tipo de cirurgia refrativa), por exemplo. Assim, há um ganho susbtancial de qualidade e de segurança nas cirurgias de LASIK com este tipo de laser.
Outra aplicação do femtosecond laser consiste na criação de túneis corneanos para a introdução de anéis intra-estromais, os quais são usados para corrigir o astigmatismo em doenças corneanas como o ceratocone e a degeneração marginal pelúcida, por exemplo.
Por útlimo, não podemos nos esquecer dos transplantes de córnea, que podem ser realizados de forma muito mais precisa e segura com a utilização do femtosecond laser. Neste caso, além do corte ser muito mais preciso, existe a possibilidade de realizar transplantes lamelares, sem a necessidade de suturas, ou seja, sem precisar “dar pontos”, com se diz na linguagem popular.


Por que o femtosecond é mais seguro que outros lasers nas cirurgias oculares?
Por ser extremamente rápido, o pulso do femtosecond laser faz com que o material orgânico que está sendo tratado seja desintegrado diretamente para a fase de vapor, sem haver tempo para afetar as estruturas vizinhas. Assim, o laser trata o tecido que deve ser tratado, sem danificar os tecidos que devem ser preservados.
Isto é possível, pois o femtosecond laser cria um plasma sólido, o qual se expande para longe do tecido orgânico em um estado altamente ionizado, levando consigo a energia. Em outras palavras, não sobra energia para danificar as estruturas vizinhas.


Quais serão as outras possíveis aplicações para o femtosecond no futuro?
O femtosecond laser já está sendo testado também para cirurgias intra-oculares, como cirurgias de catarata e cirurgias faco-refrativas para presbiopia, por exemplo. Embora estes usos ainda sejam experimentais, tudo indica que o femtosecond se incorpore à rotina destas cirurgias nos próximos anos, agregando mais precisão e segurança aos procedimentos cirúrgicos.


Autor:
Dr. Luciano P. Bellini


05 março 2012

RJ terá hospital especializado em transplantes, diz Secretaria de Saúde

A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informou, nesta segunda-feira (5), que o estado vai ter um hospital especializado em transplantes. Para isso, um hospital federal vai se tornar estadual e passará por reformas. Até a nova unidade ficar pronta, os transplantes de coração, rins e pâncreas serão feitos no Instituto do Coração Aloysio de Castro (IECAC), no Humaitá, na Zona Sul da capital fluminense.
De acordo com o secretário de saúde do Rio, Sérgio Côrtes, até o fim do ano já deve estar em funcionamento o novo centro de transplantes, que deve contar com ajuda da rede privada. “Vamos firmar um termo de cooperação técnica com o Hospital Sírio Libanês, que dará suporte à rede estadual para podermos avançar com o programa”, afirmou o secretário em nota.
Dados da Secretaria apontam o Rio como o estado que teve o maior índice de avanços na área de transplantes em 2011, ano em que chegou ao 6º lugar do ranking nacional em quantidade de transplantes. Ainda segundo a secretaria, a expectativa é aumentar o número de doadores no estado: dos 121, em 2011, para 220, em 2012.
“Só nos dois primeiros meses deste ano foram contabilizados 40 doadores, sendo que cada um doa em média três órgãos. Em 2011, em todo o primeiro trimestre, foram apenas 12 doadores”, informou a Secretaria, em nota.
A nova unidade a ser implantada no Rio é fruto do Programa Estadual de Transplantes (PET), segundo a Secretaria de Saúde. “Desde a criação do PET, em 2010, o estado triplicou a relação de doadores por milhão e hoje tem uma média de 13,9 doadores, já acima da média brasileira, atualmente em 11 doadores por milhão de habitantes”, afirmou a Secretaria, em nota