29 novembro 2009

Um dia nos meus olhos...


28 de novembro

OE= Olho Esquerdo (transplantado)
OD=Olho direito (com Distrofia e na fila do transpalnte)
Leitura de perto ( 2 palmos do monitor)

6:30
Com óculos -OE enxergando melhor que o OD tanto de longe, quanto de perto
Sem óculos - Leitura zero (borrões mais fortes do OE)

9:30
Com óculos -OE não lendo nada. OD lendo para perto
Sem óculos - leitura zero, mas olho transplantado vendo os borrões com maior nitidez que o OD

11:30
Com óculos: lendo embaralhado com o transplantado e lendo melhor com o OD
Sem óculos - não lendo com nenhum, mas transplantado vendo a cor mais forte

13:00
Com óculos - lendo embaralhado com o transplantado e lendo melhor com o OD
Sem óculos - não lendo nada, mas o olho transplantado vê a cor preta, o direito vê a cor preta como sendo cinza fraco

15:30
Com Óculos - lendo com os dois olhos
Sem óculos - não lendo com nenhum, mas vendo mais forte com o transplantado

19:00
Com óculos - lendo com pouco embaçamento do OE e do OD
Sem óculos - OE não lendo, mas vendo a cor mais forte que o direito. OD mal enxergando as manchas (palavras)

24:00
Com óculos só lendo com o OD
Sem óculos : nenhum dos dois

Longe - Com óculos não vejo nada com o OE e muito mal do OD
Com os dois e de óculos consigo forçando ler as legendas numa TV de 29 polegadas numa distância de +ou menos 2 metros


Difícil conviver com essa "disponibilidade" dos meus olhos. Como e quando saber se eles estarão dispostos a trabalhar a meu favor e não contra?

07 novembro 2009

Janela da Alma

Inspirados no programa “Cegos: Lutas e Conquistas”, exibido em outubro de 2008, um grupo de repórteres de Piracicaba (interior de São Paulo), esteve no Banco de Olhos de Sorocaba (SP) para gravar o longo caminho e a inabalável esperança de quem quer voltar a enxergar.
O vídeos foram retirados, pois tornavam lento o blog, mas devem ser assistidos!

Vale a pena assistir até o final.

03 novembro 2009

Apenas achei interessante...

Imagine só: Quando você olha para um objeto vermelho - como um tomate, por exemplo - ele parece vermelho porque os átomos que formam o tomate absorvem todas as cores do espectro luminoso menos o vermelho. O mesmo vale para o verde das plantas. As plantas são verdes porque, no processo de fotossíntese, os átomos das folhas absorvem e utilizam a energia de todas as cores do espectro luminoso, menos a verde.

Ou seja: nós enxergamos as cores que são "rejeitadas" pelos objetos, e não o contrário. O tomate não é vermelho porque absorve luz vermelha. Ele é vermelho porque essa é frequência de cor que ele reflete ("rejeita") e que chega até os nossos olhos. Curioso, não é?

As folhas das plantas, por sua vez, gostam de radiação vermelha, que é bem abundante, e de radiação azul, que é mais energética. A luz verde não é nem muito abundante nem muito energética, então não presta para muita coisa e acaba sendo refletida, ou dispensada. Por isso a Amazônia é verde. Se as plantas tivessem evoluído de maneira diferente, e a estrutura molecular da clorofila fosse um pouco diferente, talvez elas refletissem o vermelho em vez do verde, e a Amazônia teria cor de tomate.

A luz visível que chega do Sol e que ilumina a Terra para nós é sempre a mesma: luz branca. Assim esbarramos em um outro contrassenso ilusório: a luz branca parece ser uma cor "vazia", mas, na verdade, é a mais completa de todas. É a luz que contém todas as cores do espectro luminoso, que você percebe quando ela é espalhada por um arco-íris ou passada através de um prisma.

Cada cor é uma forma de radiação luminosa com uma frequência de onda específica, que varia entre 400 e 700 nanômetros, desde o violeta até o vermelho. As cores dos objetos que enxergamos depende de como os átomos desses objetos interagem com as diferentes frequências (cores) desse espectro luminoso. As frequências que são absorvidas "somem". As que são refletidas são as que chegam aos nossos olhos e que dão cores às coisas.

Um objeto branco, como o laptop no qual estou escrevendo esse artigo, é um objeto que reflete todas as cores e não absorve nenhuma. Já um objeto preto é aquele que absorve todas as cores e não reflete nenhuma. É por isso que uma camiseta branca resfria e uma camiseta preta esquenta quando você está no sol. A preta absorve todo o espectro luminoso e esquenta o seu corpo, que está por baixo dela. A branca reflete todo o espectro luminoso e ilumina quem estiver a sua volta.

Com tudo isso em vista, há inúmeras variáveis que podem alterar esse cenário. Se nossa estrela amarela, o Sol, fosse mais fria ou mais quente, a composição de sua luz seria diferente (mais avermelhada ou mais azulada, respectivamente). Se as células de nossa córnea tivessem evoluído de maneira diferente, talvez enxergássemos cores diferentes (como já abordei em um artigo anterior). Se a composição de nossa atmosfera fosse diferente, ela talvez filtrasse a luz de maneira diferente e as cores refletidas na superfície seriam diferentes também.

É mais ou menos o que ocorre no fundo do mar. Quem tem o prazer de mergulhar, como eu, sabe que as cores "desaparecem" a medida que você afunda. A água filtra gradativamente as componentes da luz branca do Sol: primeiro o vermelho, depois o laranja, depois o amarelo, até que, abaixo dos 25 metros, só sobra o azul. Consequentemente, abaixo dessa profundidade, pode ter um coral vermelho-sangue na sua cara que você não vai ver vermelho nenhum (porque não há luz vermelha para ele refletir). Por isso é sempre legal levar uma boa lanterna presa no colete, mesmo num mergulho diurno. Você liga a luz num paredão revestido de corais e esponjas e ... voilá! ... de repente uma paisagem monocromática se transforma numa explosão de cores.

Pense nisso a próxima vez que olhar para um tomate, uma floresta tropical ou um recife de corais.
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(Pintando o mundo de luz - Reportagem do Estadão - Herton Escobar)