27 junho 2008

Depoimento de Maria Rosimeire de Paula Bryk (mãe de uma transplantada)

Desde nenê os olhos da minha filha lacrimejavam muito, mas eu a levava ao médico e ele dizia que era alergia. Como ela tinha rinite e bronquite, concordei com ele, afinal as condições financeiras não ajudavam muito para procurar outro médico.
Até aos 8 anos de idade ela dormia comigo, e não ficava sozinha pois tinha visões, tipo via pessoas, a cortina se mexia, etc.
Ela já havia feito um exame com um oftalmologista quando era bem pequena e ele confirmou que minha filha tinha uma visão perfeita. Logo que ela começou a ir à escola, notei algumas dificuldades, pois ela forçava muito a visão em cima dos cadernos. Levei de imediato ela e meu filho ao oftalmo (se posso chamar este ser de um profissional). Realmente os dois tinham problemas de visão, passou os óculos e mandou-me voltar com os dois dalí há um ano. E assim o tempo foi passando e ele dizendo que eles tinham astigmatismo e hipermetropia.
Para mim estava tudo certo, pois com os óculos eles estavam enxergando bem, e eu, leiga, concordava. Como eu me arrependo! Lá se foram 7 anos com o mesmo oftalmo e o grau dos óculos de meus filhos aumentando sempre.
Quando a minha filha fez quinze anos e meu filho 19, fomos ao oftalmo, como íamos todos os anos. Vejam só que barbaridade uma pessoa pode ouvir, o grau dos óculos de meu filho havia aumentado, mas o de minha filha... ele teve a capacidade de dizer: “- UMA VISTA JÁ ERA.
Fiquei perplexa! Como assim doutor? - ELA TEM UMA DOENÇA RARÍSSIMA E NAO TEM CURA, SÓ O TRANSPLANTE. É CERATOCONE.
Desabei. Cheguei em casa em pânico. Contei para meu marido e ele dizia não ser possível. Que doença era esta que nunca tínhamos ouvido falar. Passei a noite pesquisando na internet e estudando o caso de minha filha. No dia seguinte liguei pra outro profissional na cidade de Itararé (SP) e perguntei se ele tratava de Ceratocone. Dependendo do avanço sim. Fomos pra lá.
Ele nos explicou sobre a doença, examinou meus dois filhos e disse que os dois tinham Ceratocone, mas poderia estacionar, e que existia uma lente especial que poderia superar o problema. Realmente, foi possível, mas somente por um ano, pois a doença avançou muito e as lentes já não adiantavam mais. Por indicação dele fomos para Curitiba em novembro de 2005. Fizemos todos os exames e, de imediato, ela entrou na fila de transplante para o olho direito. Para o olho esquerdo marcamos para o dia 8 de março implante do anel intracorneano (Anel de Ferrara). As imagens distorcidas que minha filha via e as visões, coitadinha, era problema de visão. A cirurgia do anel correu bem, mas minha menina ficou 22 dias cega. Eu tinha que fazer tudo por ela. Após isso, ela entrou em uma depressão profunda.
Quando voltou a enxergar, teve uma visão perfeita de 99% do olho esquerdo, mas isso já não importava mais para ela, uma menina de dezesseis anos sem nenhum animo para viver. Foram longos dias e noites sem dormir, viagens entre oftalmologista e psiquiatra, medicamentos e colírios sem fim. Retiramos tudo da minha casa que fossem cortantes e pontiagudos. Os 6 primeiros meses foram terríveis. Os medicamentos que ela tomava para depressão secavam os olhos e isso não poderia ocorrer. Aos poucos ela foi deixando os medicamentos, fez vestibular para direito, passou e iniciou na faculdade, 135 km de distância todos os dias. No dia 9 de novembro de 1997, dois anos depois que entrou na fila de transplantes, veio a notícia: tinha uma córnea para ela. Minha filha começou a chorar sem parar, eu me ajoelhei onde eu estava, na cozinha da minha casa e pedi a Deus que abençoasse esta família maravilhosa que nos permitiu esta alegria e que tivessem forças para superar a perda.
Dia 13 de novembro, foi feito o transplante, correu tudo bem. A recuperação foi excelente, a visão estava boa, a córnea cristalina, mas... nem tudo é como esperamos.
No mês de maio deste ano, foram retirados os quatro primeiros pontos. Notei que a visão dela já não era mais a mesma, já não conseguíamos controlar a alergia, os olhos ficavam irritados. Retornamos para Curitiba e alguns vasinhos surgiram. Teríamos que iniciar o tratamento com corticóide. Já se passaram dois meses e não houve melhora. Dia 1º retornaremos para ver como está, pois se persistir pode haver uma rejeição. Minha filha teve uma recaída da depressão e voltou a tomar os remédios. Quanto ao meu filho, graças a Deus o Ceratocone estacionou.
Mas a vida é isso.
Vamos à luta.

Maria Rosimeire de Paula Bryk

Rosimeire, não podemos desistir NUNCA. A rejeição nos acompanha para a vida toda, mas devemos lembrar que o transplante de córnea é o único que pode ser refeito.
Acreditar que haverá melhora. Que a vida está aí para ser vivida em sua plenitude. Tens aqui uma amiga. Conta comigo sempre.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nossa !
E eu conheço pessoas da minha idade que por vergonha não usam óculos.

De um hipermétrope desejo toda a sorte para vc e seus filhos.

Climão Tahiti disse...

Boa sorte pra essa pessoa, é a única coisa que posso desejar.

Pingo de Leite disse...

Cheguei a chorar com a sua história, ainda mais que sou mãe nova, pois recentemente tive meu 1º filho. Fiquei imaginando se eu passasse por esta situação... A mãe é o porto seguro, e a base sustenttável de uma família. Talvez essa idéia me fizesse ter forças me sustentar. Poxa! Gostaria de lhe dizer agora palavras de ânimo, que dessem esperança a toda sua família. Mas só a reliagião é capaz de dar essa força a vcs, principalmente à sua filha. Diga a ela que se estamos aqui, com essas pessoas que nos cercam, é pq temos q resgatar algo q ficou pra trás. Desistir não é a melhor solução. Deus não nos dá uma cruz maior do q aqla q podemos sustentar. O fardo pode parecer pesado d+, mas nada é insuperável. O que pensar de quem contrai AIDS ou Câncer, que se agarra mais ainda à vida, lutando bravamente para ter mais um dia? Pensem nisso. Espero que minhas palavras tenham reconfortado um pouco. Se as palavras não reconfortaram tanto o qto eu gostaria, que a intenção fique aqui registrada.

Michelle Guyt disse...

Olá, Sou Michelle Guyt e faço parte do movimento de estudantes SIFE CEFET/RJ. O grupo realiza projetos sociais e está atuando com o Projeto Reviver que busca melhorar o sistema de transplantes existente no Rio de Janeiro.

Gostaria de saber se seria possível um depoimento dizendo quanto este fato mudou sua vida para uma gravação em vídeo. Ou obter autorização de uso de um vídeo já realizado.

Será muito importante este depoimento para que a população se conscientize da importância de informar a sua família da escolha de ser doador de órgãos.

Se possível entre em contato comigo pelo e-mail:
michelleguyt@gmail.com

conheça a sife por:
www.sifecefetrj.com
ou 021 25663007

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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