19 julho 2008

Doação de órgãos cresce 29% em São Paulo


Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, o número de doadores de órgãos cresceu 29,3% no Estado de São Paulo. O estudo foi realizado com base nos dados do primeiro semestre deste ano. De janeiro a junho houve 213 doações, contra 167 no mesmo período de 2007.

O aumento nas doações se deve ao sistema adotado pelo Estado e na capacitação dos médicos para atuarem de forma rápida quando é diagnosticada a morte cerebral de um paciente.
"Temos um sistema descentralizado, em que cada hospital atende uma região e tem a missão de conseguir doadores. O sucesso se deve ao treinamento dado aos médicos da rede intra-hospitalar, que recebem informações sobre como identificar a morte encefálica de um paciente e como explicar à família sobre a importância da doação", avalia o coordenador de transplantes.

O principal problema para aumentar o número de doações apontado pelo coordenador é a falta de informação sobre morte cerebral ainda na faculdade. "Os estudantes de medicina não têm aulas a respeito disso, é uma falha no currículo. Precisamos de médicos com capacidade para identificar os casos potenciais para doação e salvar mais vidas".

Segundo ele, hoje aproximadamente 50% da população brasileira aceita a doação de órgãos. "É um número pequeno, se comparado com outros países, principalmente os europeus, onde o índice chega a 80%. Mas estamos evoluindo bem. No caso de São Paulo, se mantivermos o ritmo desse primeiro semestre, conseguiremos um número de doações 30% maior do que no ano passado", afirma.

Córneas
O estudo ainda aponta que houve aumento expressivo no número de transplantes de córneas. Foram 2.918 cirurgias, 23,6% a mais que as 2.361 registradas de janeiro a junho de 2007. "Como a córnea é um tecido, todos os óbitos são considerados potenciais doadores. Em São Paulo, a média de espera para um transplante não chega nem a um mês", informa o médico.

Outros órgãos, como rins e fígado só podem ser retirados enquanto o coração está batendo. O índice de aproveitamento, nesses casos, é de 90%. Já o coração só transplantado em 25% dos casos. “No transplante de pulmão, somente 5% dos órgão são aproveitados devido a contaminação e doenças existentes”.


Repórter Diário - Reportagem de Angela Martins
ABC, sábado, 19 de julho de 2008

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